23/11/2017 às 14h55min - Atualizada em 23/11/2017 às 14h55min

"COM EDUCAÇÃO NÃO SE BRINCA. TEM QUE SER PARA TODOS E GRATUITA."

Entrevista com Antonio Claudio da Nóbrega, vice-reitor da UFF.

Hayle Gadelha



Entrevista com Antonio Claudio da Nóbrega, vice-reitor da UFF - Universidade Federal Fluminense, sobre o relatório do Banco Mundial que criticou a gratuidade praticada pelas universidades públicas.

 

DAQUI&DALI> Professor Antonio Claudio, como vê o relatório do Banco Mundial, divulgado nesta terça (21/11), que propõe cobrança de mensalidade em universidades públicas?

 

PROF. ANTONIO CLAUDIO> Não podemos concordar, claro. Uma pesquisa do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), que foi publicada no ano passado, revelou que, em 2014, 51,4% dos estudantes de graduação nas universidades públicas federais pertenciam a famílias com renda bruta de até três salários mínimos. Veja bem, 51,4%!

 

DAQUI&DALI> Mas estudantes de famílias ricas também estão nas universidades públicas, não é verdade?

 

PROF. ANTONIO CLAUDIO> O estudo do Fórum revelou que são apenas 10,6%!  São apenas 10,6% que vêm de famílias com renda bruta superior a dez salários mínimos. Mas o relatório do Banco Mundial vem dizer que os estudantes que frequentam universidades públicas no Brasil tendem a ser de famílias mais ricas! Como assim?!

 

DAQUI&DALI> Mas o relatório do Banco Mundial diz também que “um estudante em universidades públicas no Brasil custa de duas a três vezes mais que alunos das instituições privadas.”

 

PROF. ANTONIO CLAUDIO> Certamente! Nisso acredito que o relatório está certo. E é natural e benéfico. Sabe por quê? É nas universidades públicas que se desenvolvem pesquisas científicas, é nelas que são gerados o conhecimento do país e as inovações para a sociedade. Para isso, são necessários laboratórios e equipamentos, muitos deles sofisticados, com alto custo de aquisição e manutenção. É assim em todo o mundo. Ignorar a produção de conhecimento numa sociedade de conhecimento é no mínimo desconhecer o papel da universidade pública para o desenvolvimento do país de forma autônoma e soberana.

 

DAQUI&DALI> Então o seu entendimento é que a universidade pública seja inteiramente grátis?

 

PROF. ANTONIO CLAUDIO> Todo mundo está cansado de saber que educação não é gasto, é investimento. Mas vou além. A universidade pública é paga, sim. Sabe por quê? Porque a sociedade já paga pelo ensino público através da arrecadação de impostos. E mesmo que alguém considere que os impostos são altos, nesse campo, da educação, o retorno é excepcional. 

 

A UFF é uma das maiores e mais conceituadas universidades federais do Brasil e UFF abriga nos seus três campi, nas quatro unidades instaladas em Niterói, em oito subsedes no Rio de Janeiro e uma no estado do Pará 67.740 mil alunos e 9.754 mil docentes e técnicos administrativos. Em Niterói, a UFF oferece 130 cursos regulares de Graduação, Pós-Graduação, Doutorado, Mestrado Acadêmico e Profissional e Especialização, além de 1.929 atividades extracurriculares. Mantém um Núcleo Experimental em Iguaba Grande, uma Fazenda-Escola em Cachoeiras de Macacu e o Colégio Universitário Geraldo Reis, atendendo a 390 alunos de Educação Infantil e Básica e estudantes de licenciatura para estágios supervisionados e projetos de iniciação à Docência. A UFF promove ainda a inclusão de 149 Pessoas com Deficiência, Transtorno Global do Desenvolvimento ou Altas Habilidades/Superdotação.

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