29/11/2017 às 15h19min - Atualizada em 29/11/2017 às 15h19min

UFF NA PREVENÇÃO ÀS DROGAS NA COMUNIDADE DO PREVENTÓRIO, EM NITERÓI

Hayle Gadelha
Site UFF

 

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) de 2016, divulgada pelo IBGE, aumentou o número de estudantes do ensino fundamental, entre 13 e 15 anos, que já usaram algum tipo de droga. O consumo de drogas lícitas, como álcool e cigarro, subiu 11%, passando de 50,3%, em 2012, para 55,5% em 2015. Já o consumo de drogas ilícitas, como maconha, crack, cocaína, cola, loló, lança-perfume, ecstasy, etc. pulou de 7,3% para 9% no mesmo período – um aumento de 23,3%!

A iniciativa, que teve início no segundo semestre de 2017, conta com a participação de alunos do 4º período de Medicina, que promovem atividades de conscientização e prevenção ao uso de drogas entre os estudantes do 6º, 7º e 9º anos do segundo segmento do ensino fundamental - entre 11 e 16 anos de idade - no Colégio Estadual Maria Pereira das Neves, localizado na comunidade do Preventório, em Niterói.

“Agir na prevenção da doença - não apenas no combate - é inteligente, funcional e mais econômico", declara Thiago Gomes, estudante de Medicina. E, segundo o professor do departamento de Planejamento em Saúde, Carlos Dimas, a atividade é feita dentro de uma disciplina chamada “Trabalho de Campo Supervisionado II”, ministrada no 2º ano do curso de Medicina. O objetivo é inserir os alunos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), para que possam vivenciar e refletir sobre esse segmento do sistema de saúde. Eles acompanham os profissionais da área no seu processo de trabalho, conhecem a comunidade onde a unidade se situa e desenvolvem atividades assistenciais. “As turmas são divididas em pequenos grupos, que são inseridos em várias unidades de Niterói, entre elas, o Preventório”, relata.

O professor explica que existe formalmente um projeto de extensão há mais de dez anos chamado “Diversificação de Cenário de Aprendizagem - a integração ensino-serviço e sociedade”, em que várias disciplinas estão inseridas, mas a atividade de prevenção ao uso de drogas no Preventório foi realizada pela primeira vez neste semestre. “É como se fosse um guarda-chuva, e em cada ponta dele está um tipo de trabalho e atividade que varia de acordo com a necessidade do público atendido. A demanda veio através da diretora de um colégio que estava dentro da comunidade e precisava de orientação nessa área, então aceitamos”, justifica.

Para a aluna Uinalaiã Latessa, o intuito da atividade é integrar a unidade de saúde, a escola, a comunidade e a universidade. A atividade no Preventório é realizada por 7 alunos do curso de Medicina, que atualmente atendem quase 100 alunos da rede pública. “São 6 turmas, cada uma com mais ou menos 25 jovens. Cada roda de conversa conta com cerca de 15 estudantes”, destaca o professor.

Carlos Dimas explica que ao todo, o projeto de extensão conta com aproximadamente 90 alunos de Medicina do 3º e 4º período. Esses alunos são divididos em pequenas equipes de, no máximo, dez alunos para cada professor. A atividade de prevenção às drogas é um subgrupo e cada um desses grupos está em uma unidade de Niterói realizando atividades distintas.

O aluno de Medicina Paulo Postigo relata que na metodologia utilizada com os estudantes da comunidade, as atividades são desenvolvidas em dois encontros. Na primeira reunião, o grupo aborda os conceitos básicos e estabelecem uma aproximação com os adolescentes. “Nós nos apresentamos, perguntamos o que era droga, pedimos para darem exemplos, questionamos os conceitos de lícito e ilícito, etc. Queríamos investigar o que eles sabiam sobre o assunto, para planejar nossa ação no segundo encontro”, descreve.

A aluna Camila Martins explica que o grupo queria que os participantes atuassem ativamente, trocando informações e construindo o conhecimento. “Antes mesmo do primeiro encontro, deixamos uma caixinha na secretaria, como se fosse um cofre, onde eles podiam depositar perguntas sobre o assunto sem se identificar. Além disso, distribuímos cartazes pela escola para chamar a atenção dos adolescentes, com memes e alguns fatos relacionados ao uso de drogas. Isso serviu como convite para que eles participassem das atividades”, relata.

Em relação às drogas lícitas, o grupo tratou de álcool e cigarro, já nas ilícitas, focou em maconha, crack e cocaína. “Os próprios agentes comunitários sugeriram essas três, por serem mais comuns na comunidade. Além disso, apareceram com frequência nas perguntas deixadas na caixinha”, relata o aluno Thiago Gomes.

Já no segundo encontro, Paulo conta que a equipe conversou sobre prevenção e questionou os estudantes sobre as atitudes que tomariam caso alguém lhes oferecesse algum tipo de entorpecente. “Os jovens montaram uma cena de teatro para simular a reação que teriam numa situação dessas e todos eles ficaram muito empolgados com a atividade”, ilustra.

Os alunos de Medicina reafirmam a importância desse tipo de trabalho para sua formação acadêmica. Para Uinalaiã, as drogas são tratadas como assunto de polícia, quando deveriam ser de saúde pública. “Em questão de prevenção e conscientização, o fundamental é passar informação e é isso que nós, como futuros profissionais da saúde, devemos fazer. O médico deve atuar como educador e não apenas como alguém que detecta doenças. Isso faz com que a relação seja mais humanizada, pois ouve, conhece e interage com seu paciente”, afirma.

Já para Thiago, “agir na prevenção da doença, e não apenas no combate, é inteligente, funcional e mais econômico”. O futuro médico Tássio Abreu concorda e acrescenta que a relação com o paciente consiste basicamente em lidar com uma realidade diferente. “Para a formação profissional do médico, essa relação humanizada é muito importante. Ser médico não é só ficar no consultório, é tratar a pessoa, considerar seus diferentes aspectos, não apenas doenças”, conclui.

 

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