17/05/2021 às 17h58min - Atualizada em 17/05/2021 às 17h58min

MINISTÉRIO DA SAÚDE CONTRA BOLSONARO

CLOROQUINA NÃO COMBATE O CORONA


Sabe quanto você, contribuinte, já jogou no lixo? R$ 89.597.985,50. Foi quanto o governo Bolsonaro gastou até agora em medicamentos para o "tratamento precoce" da Covid, segundo levantou a BBC News Brasil.
Esse foi o dinheiro usado para a compra de Tamiflu, azitromicina, ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina e nitazoxanida. Ao menos R$ 85.974.256,00 foram gastos com o medicamento em 2020. A maior compra foi feita ao laboratório Roche, dono da marca Tamiflu:  R$ 26,6 milhões em 20 de maio passado, com dispensa de licitação!
 
No mesmo dia 20 de maio, o Ministério da Saúde divulgou um documento onde recomendava o uso do Tamiflu nos estágios iniciais da doença, especialmente para pessoas no grupo de risco da Covid-19. A orientação era começar o tratamento até 48h depois do início dos sintomas.
Com a cloroquina, a União contratou a compra de ao menos R$ 1.462.561,50. Deste total, R$ 940.961,50 foram desembolsados até o fim de 2020.
 
O governo federal fez duas compras principais, através do Comando do Exército, utilizando o seu Laboratório Químico Farmacêutico. As duas aquisições, de R$ 652 mil cada, teriam sido feitas com dispensa de licitação nos dias 6 de maio e 20 de maio do ano passado.
As duas compras foram feitas pelas empresas "Sul de Minas Ingredientes LTDA" e "Sulminas Suplementos e Nutrição LTDA", ambas sediadas na cidade de Campanha (MG) e pertencentes ao mesmo dono.
Ao todo, a União adquiriu uma tonelada do chamado IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) usado na produção da cloroquina. Os gastos totais são ainda maiores, porque, além da matéria prima, também foram adquiridos alumínio para as cartelas do medicamento e outros insumos.
 
Além desses dois contratos principais, há outras 11 notas de empenho do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército para compras menores de cloroquina com as empresas de Mazzaro. A princípio, não há qualquer irregularidade nessas compras.
 
Com o antibiótico azitromicina, o governo federal gastou mais R$ 1.994.884,40. A maior compra foi feita pelo próprio Ministério da Saúde (R$ 1,1 milhão).
Mas a grande curiosidade é que a CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde, contraindica cloroquina para tratamento de Covid-19...
"Não há evidência de benefício, seja no seu uso de forma isolada ou em associação com outros medicamentos", diz relatório técnico.
 
E aí? Como ficam nossa saúde e nossas finanças?
 
O documento da CONITEC ainda destaca que a cloroquina e a hidroxicloroquina não devem ser utilizadas, independentemente da via de administração: oral, inalatória ou outras.
O relatório abre a exceção para que pacientes que usam esses dois medicamentos devido a outras condições de saúde, como doenças reumatológicas e malária, continuem usando, caso contraiam a Covid-19.
A utilização da azitromicina pode ser feita no caso de presença ou suspeita de infecção bacteriana, de acordo com orientações do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar local e/ou protocolos institucionais de uso de antimicrobianos.
 
O relatório da CONITEC, com 101 páginas, não fala do uso da cloroquina e de outras medicações em casa. E é o relatório que servirá de base para uma decisão final do Ministério da Saúde sobre o uso dessas medicações para o tratamento de Covid-19!
 
A compra e a distribuição da cloroquina e de outros medicamentos estão no centro da investigação da CPI da Covid-19 e de apurações que envolvem o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que foi convocado para depor nesta quarta, 19, na CPI.
 
O documento da CONITEC também recomenda não utilizar a ivermectina em pacientes hospitalizados com Covid-19 já que é considerado de "certeza da evidência muito baixa". A ivermectina – um vermífugo popular – é outra medicação defendida por Bolsonaro como tratamento precoce contra a Covid.
O texto também sugere não usar o remdesivir em pacientes hospitalizados com Covid-19, citando, por exemplo, que essa medicação não reduziu mortalidade em pacientes nessa condição nem "parece haver benefício nos pacientes em uso de ventilação mecânica".
 
"Houve redução do tempo para recuperação em pacientes com uso de oxigênio em baixo fluxo em um ensaio clínico, contudo, há incertezas sobre esse benefício e sua significância clínica, não justificando seu uso de rotina mesmo nesse grupo de pacientes", disse o CONITEC.
 
O documento cita que pode haver "algum benefício marginal" com o remdesivir, mas observa que "seu alto custo, baixa experiência de uso e incerteza em relação à efetividade não justificam seu uso de rotina".
 
O Ministério da Saúde ainda não se manifestou a respeito do relatório e de que caminho vai tomar. Tomara que não erre na receita...
 
A partir da BBC e do Brasil247.
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