É o próprio Bolsonaro que confessa: "Desde o ano passado, nós abrimos negociação para compra de vacinas. Diferente do que estão falando por aí, o governo continua estimulando essa negociação com os empresários. Nós demos o sinal verde para eles lá atrás", destacou.
Mas Bolsonaro tenta negar que isso seja considerado legalização do "fura fila". "Não existe nada de furar fila. Uma parte das vacinas seria doada ao Governo Federal. E a outra parte seria usada pela empresa que comprou. O critério de uso da parte que ficaria com as empresas compete às empresas. A outra metade ficaria com o SUS", tentou explicar. Essa desculpa não cola. Aparentemente, parte das vacinas são para as empresas furarem fila e a outra parte seria para Bolsonaro fazer o que bem entender.
Nesta semana, empresas se uniram para comprar pelo menos 11 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca. Pelo acordo, metade do lote seria doada para o SUS (Sistema Único de Saúde). A outra parte seria usada pelas próprias empresas para vacinar seus funcionários. Deu pra entender? Quem paga, organiza a fila como quiser...
Algumas empresas mais conscientes, como a Vale, o Itaú e a Petrobras, discordaram do uso da vacina por empresas, já que a compra permitiria a imunização fora de grupos prioritários e poderia diminuir a disponibilidade de vacinas por governos. Empresários defendem a doação integral dos insumos ao SUS. A negociação continua em andamento. Mas o fim da pandemia... Ih, isso já é outra fila!