Estou denunciando o Ministro Eduardo Pazuello e o governo federal junto à Organização Mundial da Saúde por crime contra a saúde pública, ao negligenciar a assistência e o cuidado adequados à população, atentando diretamente contra a vida das pessoas. Antes que digam que é perseguição política à Bolsonaro, afirmo a todos que a mesma atitude seria tomada contra qualquer mandatário que negasse ao povo o direito à vida e à proteção da mesma. Nem os dirigentes mundiais mais radicais, conservadores e de extrema direita tem tido posturas negacionistas, displicentes, omissas e irresponsáveis como o governo brasileiro. Até mesmo o populista do Trump reconheceu a pandemia do coronavírus como fora de controle e se mexeu! No Brasil, o que temos é deboche, escárnio às famílias que perderam filhos, mães, pais, netos, tios e entes queridos por falta de assistência, por desprezo à vida por parte de um governo incapaz. Ressalvando a letalidade do vírus, óbitos que poderiam ter sido evitados nessa proporção gigantesca caso o Ministério da Saúde tivesse adotado, por exemplo, as providências para dotar a maior rede de saúde do País, no Rio de Janeiro, de insumos, equipamentos, materiais, leitos para pacientes de Covid e, principalmente, de recursos humanos. Foram inúmeras solicitações, praticamente uma súplica, para que fossem prorrogados os contratos dos trabalhadores dos hospitais federais, expirados em 31 de dezembro. Dos mais de 4.000 profissionais, renovou somente 1.419. De enfermagem, praticamente nenhum. Também não realizou o chamamento para ocupar as vagas dos que se candidataram por um edital, com indicativos fortes de fraudes. Essa inoperância premeditada e intencional resultou na situação que estamos hoje. Não foi por falta de alertarmos. Estive pessoalmente com o Ministro Pazuello, em meio à pandemia, solicitando que fossem adotadas medidas urgentes em relação à prorrogação dos contratos vigentes. A rede federal no Rio tem inúmeros leitos fechados que não podem operar devido à falta de pessoal. O caos estava anunciado e o Ministro Pazuello assim como o presidente Bolsonaro estavam com a caneta em mãos. Poderiam com uma medida provisória ter resolvido a questão, mas preferiram ignorar e deixar explodir ! No Hospital do Andaraí, que dispõe no CTI de Covid temos apensa 1 enfermeiro e 3 técnicos de enfermagem. Na emergência da pediatria, NENHUM ENFERMEIRO e 2 técnicos, somente! O que é uma ilegalidade. Esses profissionais da saúde que fizeram um juramento de salvar vidas e garantir assistência integral a quem precisa de cuidados 24 horas do dia, atuam em condições sub humanas! Em todos os cantos do mundo a Enfermagem foi mais que nunca valorizada e reconhecida pelo trabalho excepcional que vem desempenhando durante a pandemia. Por aqui, o que vemos é essa nossa imensa categoria, chamada de “anjos”, sendo humilhada pelo poder público, que não oferece o mínimo no que se refere à salário, condições dignas de trabalho, número adequado de profissionais. Por termos no País um Ministro da Saúde que declara desconhecer o que é o SUS; que não assume a responsabilidade do estado em garantir uma assistência integral, pública e de qualidade; que escraviza os profissionais de saúde; que não garante vacinas à população em meio a uma crise sanitária mundial que já matou no País cerca de duzentas mil pessoas, não posso me omitir em mais um crime que atenta contra a vida da população. Ou, se o caso for a falta de competência e capacidade, assumam suas limitações na gestão da saúde pública e peçam para sair.
