19/12/2020 às 06h11min - Atualizada em 19/12/2020 às 06h11min

ÁUSTRIA NA TERCEIRA QUARENTENA

EUROPA AGITA-SE CONTRA O CORONAVÍRUS


A Áustria deve entrar em um terceiro bloqueio a partir do Boxing Day (feriado do dia 26 de dezembro, comemorado em alguns países, para liquidações no comércio), mas realizará testes de coronavírus em massa em meados de janeiro para determinar quem estará isento de certas restrições, anunciou o governo na sexta-feira.

A Itália está se preparando para traçar novas medidas que podem levar a um bloqueio total durante o período de Natal e Ano Novo, enquanto o governo da Espanha já alertou para uma possível “terceira onda” de infecções.

O bloqueio da Áustria incluirá toques de recolher durante o dia, o fechamento de lojas não essenciais e a mudança das aulas presenciais para o ensino à distância, de 7 a 15 de janeiro.

Os testes em massa (no fim de semana de 16 e 17 de janeiro) para detectar antígenos darão às pessoas a oportunidade de “testar a si mesmas sem restrições”, de acordo com o ministro austríaco do Interior, Karl Nehammer.
Aqueles com teste negativo poderão assistir a eventos esportivos, shows ou restaurantes a partir de 18 de janeiro. Aqueles que se recusarem a fazer o teste serão obrigados a permanecer em quarentena por mais uma semana.
“Teremos que fazer esses testes por algum tempo”, disse o chanceler austríaco, Sebastian Kurz. “Esperamos poder obter controle sobre esta pandemia. Recomendo que todos levem o vírus a sério. Atualmente, pelo menos 100 pessoas morrem na Áustria todos os dias.”

Kurz disse que o objetivo é continuar testando a população semanalmente. A partir de 18 de janeiro, a polícia fará fiscalizações pontuais nos participantes de eventos culturais.
A Áustria entrou em seu segundo lockdown de três semanas em 3 de novembro, que incluiu o fechamento de hotéis, restaurantes e instituições culturais.

Reportagens na Itália sugerem que o governo está considerando colocar todo o país sob uma "zona vermelha" confinada na véspera de Natal, no dia de Natal e no dia seguinte, e novamente entre 31 de dezembro e 3 de janeiro.
A preocupação de que as festividades possam desencadear um aumento nas infecções também significam que o país pode voltar a ter bloqueios nos dias 5 e 6 de janeiro, quando a Itália celebra a festa cristã da Epifania. Outra opção é um bloqueio ininterrupto entre 24 de dezembro e 6 de janeiro.
As medidas podem incluir a extensão do toque de recolher noturno, a proibição de movimentos não essenciais e o fechamento de todas as lojas (com algumas exceções). As viagens inter-regionais estão proibidas a partir de 21 de dezembro. As medidas atingirão principalmente o setor de restaurantes, que vinha contando com um impulso no comércio de Natal.

O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, deve se dirigir à nação. Francesco Boccia, o ministro de assuntos regionais, disse à televisão: “Devemos tomar decisões para proteger os frágeis e os idosos, mesmo ao custo de nos aproximarmos da impopularidade. Cada um deve passar o Natal em sua própria casa. Aqueles que pensam em grandes encontros estão muito errados.”

Embora a taxa de infecção na Espanha tenha caído nas últimas semanas, está subindo mais uma vez, com mais de 200 casos por 100.000 pessoas nessa quarta-feira, 16.
“Poderemos estar no início de uma terceira onda, se não tomarmos as medidas adequadas”, disse o ministro da Saúde da Espanha, Salvador Illa, à rádio Catalunya na sexta-feira. “Precisamos reagir.”
Embora a Espanha permaneça em estado de emergência e sujeita a toque de recolher durante a noite, há temores de que o período festivo possa levar a um grande aumento de casos, mesmo com limite de 6 a 10 pessoas por reunião, dependendo da região .

Illa disse que o relaxamento em novembro de algumas das medidas rígidas adotadas pelos governos regionais parecia estar causando o aumento das infecções. Mas ele descartou um bloqueio rigoroso semelhante ao imposto na primavera e no início do verão, dizendo: "A circunstância não exige um bloqueio total - nem agora nem no futuro próximo". Mas se isso mudar, "e se a situação epidemiológica exigir um bloqueio, nós o faremos", disse ele.

Ele disse às pessoas para terem “prudência máxima” nas próximas semanas e para cumprirem todas as diretrizes de saúde. Disse também que as vacinações começarão em 27 de dezembro. A primeira rodada de vacinas será dada a profissionais de saúde, funcionários e residentes de lares de idosos e pessoas com problemas graves de saúde.

Os governos regionais da Espanha estão em contato com o governo central sobre a resposta à pandemia, mas cada um está fazendo seus próprios planos para dezembro e janeiro.
O governo regional de Madri, que está permitindo que bares e restaurantes permaneçam abertos no Natal e no ano novo, disse na sexta-feira que tomou a “dolorosa” decisão de limitar as reuniões festivas a seis pessoas.

O governo catalão anunciou que não mais do que seis pessoas devem se reunir em um só lugar, embora o limite para os dias 24, 25, 26 e 31 de dezembro e 1 e 6 de janeiro seja de 10 pessoas. A partir de segunda-feira, 21, os restaurantes da região Nordeste poderão funcionar apenas das 7h30 às 10h e das 13h às 15h. Até o momento, a Espanha registrou 1.785.421 casos de coronavírus e 48.777 mortes.

Na Suécia - onde a estratégia não ortodoxa do governo para a pandemia foi criticada pelo rei Carl XVI Gustaf esta semana - as autoridades de saúde registraram uma nova alta diária nos casos registrados. Houve 9.654 novos casos, ante a alta anterior de 8.881. A Suécia registrou 100 novas mortes, elevando o total para 7.993.
O primeiro-ministro, Stefan Lofven, disse que máscaras deveriam ser usadas no transporte público, quando o distanciamento social não fosse possível, e anunciou que o número máximo de pessoas permitidas a compartilhar uma mesa em um restaurante será limitado a quatro a partir de 24 de dezembro.

Na França, o presidente Emmanuel Macron permanece em isolamento na residência presidencial oficial em La Lanterne em Versalhes, depois de testar positivo para Covid-19. Gabriel Attal, o porta-voz do governo, disse que Macron tinha “sintomas reais ... tosse, febre e ele está muito cansado”.
O médico-chefe do Eliseu, Jean-Christophe Perrochon, um médico militar que realizou o teste de coronavírus no presidente na manhã de quinta-feira, está hospedado perto de Macron em Versalhes e de olho nele.
Uma fonte disse à AFP que se acredita que Macron tenha sido infectado enquanto participava de uma cúpula europeia em Bruxelas na semana passada, onde passou 20 horas com outros líderes europeus, incluindo um “jantar de trabalho ... e uma noite de negociações”.

O primeiro-ministro da Eslováquia, Igor Matovič, que participou da cúpula na semana passada com Macron, anunciou que seu teste foi positivo. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez - que almoçou com Macron na segunda-feira - deu negativo para o vírus, mas se isolou até 24 de dezembro. O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, também está em quarentena voluntária.

A Europa, muito associada ao turismo, sentiu muito os efeitos do relaxamento nas medidas de combate ao coronavírus. Está reagindo. Mas nós, aqui no Brasil, temos que ver todos esses exemplos e aproveitar para não relaxar, de forma alguma, na proteção. Para vencer a crise do coronavírus, é melhor seguir os bons exemplos europeus do que as idiotices bolsonáricas.

Leia também em The Guardian.

 

 
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