Ao contrário do que fez na campanha eleitoral, Donald Trump parece ter admitido que o coronavírus (Covid-19) está “correndo solto” nos Estados Unidos (EUA). As novas infecções por Covid nos EUA já se aproximavam de 200.000 por dia, quando, na noite de sábado, Trump acessou o Twitter para insistir que as coisas estavam ruins fora dos Estados Unidos também: “As fakenews não estão falando sobre o fato de que o 'Covid' está correndo solto por toda parte o mundo, não apenas nos EUA”. Sim, e daí? Na sexta-feira, dia 20, os EUA registraram 195.500 novos casos, um recorde mundial e dos EUA, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins. No sábado, o país ultrapassou 12 milhões de casos, de longe o maior total do mundo.
Durante a campanha eleitoral, Trump afirmou repetidamente que os EUA estavam “dando a volta por cima” do coronavírus e que o país ouviria menos sobre a pandemia depois de 4 de novembro. Não foi o que aconteceu. Em seus tweets na noite de sábado, ele insistiu que as “fakenews” esquecem de mencionar que “muito menos pessoas estão morrendo quando pegam Covid” (!!!).
A boa notícia é que a US Food and Drug Administration (a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, um dos departamentos executivos federais americanos) disse no sábado que emitiu uma autorização de uso de emergência para a terapia de anticorpos da Regeneron Pharmaceuticals, que foi dada a Trump quando ele teve Covid-19 em outubro. Isso ocorre em um momento em que as mortes diárias nos Estados Unidos se aproximam dos números vistos durante os primeiros meses da pandemia. Na quinta-feira, mais de 2.000 americanos morreram de Covid-19, o número mais alto desde maio.
Trump disse na cúpula virtual do G20, no sábado, que o “principal assunto era Covid. Estaremos curando rápido, principalmente com nossas vacinas! ”. Trump também deu a entender aos líderes do G20 que trabalharia com eles no futuro. “Estou ansioso para trabalhar com vocês novamente por muito tempo”, disse ele aos líderes, de acordo com áudio obtido pelo Observer.
Antes da cúpula, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, convocou o G20 a se associar à COVAX, uma iniciativa internacional para distribuir vacinas de Covid-19 aos países do mundo inteiro. Os Estados Unidos de Trump se recusaram a aderir. Em vez disso, ele e outros países como Grã-Bretanha, França e Alemanha, que são todos nações do G20, negociaram diretamente acordos com empresas farmacêuticas para receber bilhões de doses, o que significa que a grande maioria do suprimento mundial de vacinas no próximo ano já está reservado. (Nós, no Brasil, além da vacina contra o coronavírus, precisamos da vacina anti-bolsonarus...)
Os representantes da Moderna disseram ao semanário alemão Welt am Sonntag (O Mundo no Domingo) que cobrará dos governos entre US $ 25 e US $ 37 por dose de sua vacina, dependendo da quantidade solicitada. “Nossa vacina, portanto, custa quase o mesmo que uma vacina contra a gripe, que está entre US $ 10 e US $ 50”, disse o presidente-executivo Stephane Bancel.
Voltando ao tema Estados Unidos, esperava-se que milhões de americanos viajassem pelo feriado de Ação de Graças, ignorando os avisos sobre a propagação do vírus. Sabe-se que mais de um milhão de pessoas chegaram e partiram pelos aeroportos na sexta-feira, de acordo com dados da Administração de Segurança de Transporte. Foi o segundo dia de tráfego aéreo doméstico mais intenso desde o início da pandemia.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA emitiram um aviso no sábado para todas as pessoas evitarem viagens em navios de cruzeiro porque o risco de Covid-19 a bordo é muito alto. No mês passado, a agência elaborou um plano para a retomada gradual das operações dos navios de cruzeiro, já que uma ordem de proibição de embarque emitida em março em resposta à nova pandemia de coronavírus estava para expirar.
A FDA disse também que os anticorpos monoclonais casirivimab e imdevimab devem ser administrados juntos para o tratamento de Covid-19 leve a moderado em adultos e pacientes pediátricos com resultados positivos do teste viral direto Sars-Cov-2 e que apresentam alto risco de progressão para grave Covid19. Isso inclui pessoas com 65 anos ou mais ou que tenham certas condições médicas crônicas. A agência disse ainda que os anticorpos não são autorizados para pacientes que estão hospitalizados devido à Covid ou requerem terapia de oxigênio devido à Covid. Um benefício do tratamento com casirivimabe e imdevimabe não foi demonstrado em pacientes hospitalizados devido à Covid.
Nesses noticiários do mundo inteiro sobre o coronavírus, por mais que a notícia seja boa, é tudo ruim...
