27/10/2020 às 10h52min - Atualizada em 27/10/2020 às 10h52min

​MÁSCARA CONTRA O CORONAVÍRUS?

O BRASIL É O PAÍS COM MAIOR APROVAÇÃO À MÁSCARA E MAIOR REPROVAÇÃO AO GOVERNO.


A pesquisa global do YouGov com cerca de 26.000 pessoas em países desde a Austrália à Suécia, projetada por The Guardian e realizada pelo YouGov-Cambridge Globalism Project entre julho e agosto, antes do alto da segunda onda na Europa e em outros lugares, mostrou variações marcantes na aprovação dos governos quanto ao tratamento da pandemia, que matou quase 1,1 milhão pessoas.
Um recorde de quatro em cinco entrevistados na Dinamarca (que fez o lockdown logo no início de março com a chegada da primeira onda e conseguiu limitar as mortes de Covid a 119 por milhão de habitantes) considerou que seu governo se saiu muito bem ou razoavelmente bem.
Austrália e Grécia, com número de mortos por milhão de apenas 35 e 51, respectivamente, também registraram níveis de aprovação superiores a 70%, enquanto 67% dos entrevistados na Alemanha - com uma taxa de mortalidade igual à da Dinamarca - disseram pensar que o governo de Angela Merkel havia lidado com a crise muito bem ou razoavelmente bem.
 
Mas, na maioria dos países, as pessoas pensam que seu governo lidou mal com a pandemia.
Os entrevistados disseram que seu governo teve um desempenho 'muito ruim' ou 'bastante ruim'.
Apenas 34% das pessoas pesquisadas nos EUA, 36% na Espanha, 37% na França e 39% tanto no Reino Unido quanto no Brasil acharam que seus governos tiveram um bom desempenho. O número de mortos nesses países está entre os mais altos do mundo: 686 por milhão nos Estados Unidos, 735 na Espanha, 730 no Brasil, 649 no Reino Unido e 521 na França.
No entanto, houve anomalias significativas. 58% dos entrevistados na Itália e 54% na Suécia - ambos também com taxas de mortalidade muito altas, de 676 e 586 por milhão - estavam satisfeitos com a forma como seus governos lidaram com a pandemia.
 
Na Itália, dizem analistas, isso pode ser parcialmente explicado pela notável popularidade pessoal de Giuseppe Conte, cujas pesquisas mostram ser o político italiano mais confiável em anos: 61% dos entrevistados aprovaram o desempenho do primeiro-ministro no combate ao Covid-19.
Na Suécia, uma pesquisa separada do YouGov sugere que 65% das pessoas têm uma opinião favorável sobre o epidemiologista-chefe, Anders Tegnell, o arquiteto da estratégia anti-lockdown do país, enquanto 69% disseram estar muito ou bastante confiantes na Agência Nacional de Saúde.
Surpreendentemente, o menor índice de aprovação do governo foi no Japão, que tem uma das menores taxas de mortalidade por coronavírus do mundo - apenas 13 mortes por milhão de habitantes. Apenas 21% dos entrevistados japoneses disseram sentir que seu governo lidou com a crise muito bem ou razoavelmente bem. Os observadores sugerem que isso pode refletir a insatisfação com a resposta inicial do governo (muitos sentiram que ele estava relutante em agir enquanto as Olimpíadas de Verão ainda fossem teoricamente possíveis), combinada com a crença popular de que o sucesso do Japão em evitar infecções em massa e uma alta taxa de mortalidade pode ser devido mais ao bom senso e conformidade das pessoas comuns do que às diretrizes do governo.
O baixo índice de aprovação do governo japonês não parece, de forma alguma, refletir o que Christian Drosten, virologista-chefe do hospital Charité de Berlim e um dos maiores especialistas da Alemanha em pandemia, chamou de "paradoxo da prevenção": se sua estratégia funcionar, as pessoas tendem a pensar que provavelmente era desnecessária.
Apesar dos bloqueios rígidos em muitos países nesta primavera, apenas na África do Sul e na Grécia mais de 50% sentiram que as liberdades foram excessivamente restringidas, e em nenhum lugar houve uma maioria com a opinião de que o governo estava exigindo demais em conter a propagação do vírus, em vez de permitir que a vida normal continuasse.
A maioria dos entrevistados achava que o governo chinês era lento demais para agir, e cidadãos de 16 dos 25 países - incluindo Espanha, Grã-Bretanha, França, Brasil, Suécia, Itália, Austrália, Estados Unidos e Japão - pensam que a disseminação do vírus em seus países poderia ter sido evitada se seu próprio governo tivesse respondido de maneira diferente.
A pesquisa encontrou, em geral, um forte apoio ao uso de máscaras faciais em espaços públicos fechados, como lojas, aeroportos, transporte público e instalações médicas - uma das medidas mais controversas impostas ou fortemente recomendadas por muitos governos à medida que a pandemia progredia.
O ceticismo - às vezes virulento - permanece, no entanto, apesar dos estudos mostrarem que máscaras de tecido de camada tripla filtram cerca de 60% das gotículas que podem conter o vírus do ar conforme o usuário respira, e máscaras médicas mais de 85%.
Entrevistados na Suécia, onde as máscaras ainda não são aconselhadas pela Agência Nacional de Saúde ("Preferimos ônibus meio-vazios a ônibus cheios com máscaras faciais", disse Tegnell), e na Dinamarca (onde as máscaras são obrigatórias apenas no transporte público, quando em pé em bares e restaurantes e em situações de saúde), foram os que mais mostraram-se em dúvida.
Quarenta por cento dos suecos acham que as máscaras não são nem um pouco eficazes nas lojas, junto com 27% dos dinamarqueses. Apenas 35% dos suecos e 45% dos dinamarqueses acreditam que as coberturas faciais deveriam ser obrigatórias por lei dentro das lojas, em comparação com números muito mais altos em outros lugares: 90% no Brasil e na Espanha, 87% na Itália, 86% na França e 76% no Reino Unido.
Mais de 65% dos suecos e 62% dos dinamarqueses, junto com 63% dos alemães e 55% dos entrevistados britânicos, disseram que usar máscara na rua não seria eficaz para controlar a propagação do vírus, ao mesmo tempo em que o índice de aprovação na obrigatoriedade de máscaras na rua mal chega a dois dígitos nesses países.
 
Por outro lado, as pessoas em países onde a pandemia atingiu duramente na primeira onda - e onde as máscaras já são obrigatórias em muitos locais - eram muito mais propensas a dizer que o uso de máscaras em locais públicos era muito ou bastante eficaz.
Na Espanha, Brasil, Itália e México, a esmagadora maioria dos entrevistados disse que as máscaras poderiam ajudar a impedir a propagação do vírus em todos os espaços públicos fechados, enquanto 65% dos espanhóis afirmaram que as máscaras devem ser obrigatórias na rua - como já são nos espaços externos e nos espaços fechados em todo o país.
 
Leia mais em The Guardian.

 
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