20/08/2020 às 11h14min - Atualizada em 20/08/2020 às 11h14min

VOLTA ÀS AULAS?

É MELHOR MATAR AULA DO QUE MATAR ALUNO!

 
Essa discussão é muito complicada. Principalmente porque envolve a saúde e a vida de crianças e jovens. Na França, bastou uma semana de testes em crianças com menos de 9 anos para se perceber a ameaça da volta às aulas. Foram 492 crianças, com menos de 9 anos, que testaram positivo para coronavírus (Covid-19) apenas na semana de 10 de agosto. Entre os jovens de 10 a 19 anos, 1.255 casos foram confirmados nesse mesmo período. Os números crescem desde meados de maio, segundo dados da Sociedade de Pediatria Francesa (SPF), com taxas de positividade de 2,1% e 2,3%, respectivamente.
 
No total, a França já registrou 221.267 casos e 30.451 mortes desde o início da pandemia, e o número de casos que vinha baixando desde maio voltou a crescer, com registros de 3.000 novos contaminações diariamente.
“O risco de ocorrência de contaminação pelo coronavírus, tanto em crianças quanto nos adultos que as supervisionam, é real ”, alertam os especialistas. "Claro que temos que estar preocupados, com a organização do novo ano letivo, tanto em termos de prevenção quanto em termos de acolhimento de crianças."
 
“As crianças com menos de 10 anos são menos frequentemente contaminadas por este vírus e menos contaminantes do que os adultos. Mas devemos absolutamente evitar dizer que elas não transmitem o vírus”, alerta o professor Robert Cohen, especialista em doenças infecciosas pediátricas do hospital de Créteil e vice-presidente da SPF, no jornal Le Monde.
Os pediatras que assinaram a carta aberta acreditam que o teste PCR é muito invasivo, pouco específico e tem uma resposta demorada. “O ônus para a saúde da volta às aulas dependerá das medidas aplicadas diante do elevado número de situações de suspeita da doença por sintomas muito pouco específicos, na maioria das vezes causados ​​por outros patógenos virais ou bacterianos ”, escrevem os pediatras. Eles pedem, portanto, testes menos invasivos e mais rápidos, como testes de saliva. "O objetivo deve ser mais avaliar o risco de contagiosidade do que descartar o diagnóstico de coronavírus".
 
Os pediatras lembram que episódios virais, com sintomas como febre, tosse, resfriado e diarreia, são frequentes no início do outono, que coincide com o início do ano letivo no hemisfério norte. Eles recomendam que a aplicação da vacina contra a gripe sazonal seja feita de forma mais abrangente e que a vacina contra o rotavírus, principal causador de gastroenterite, seja recomendada pelos médicos e coberta pelo governo, o que não é o caso atualmente na França.
 
Os professores estão desmotivados
Enquanto a França observa o ressurgimento da epidemia em algumas regiões, os professores estão “no escuro”. Eles esperam um anúncio oficial sobre como se dará este novo ano letivo para poderem se preparar. É o caso de Emilie Pruvot, professora de biologia em uma escola agrícola do norte da França.
“A gente não tem informação oficial. Então, neste momento eu imagino que não teremos distanciamento social nas salas de aula, por falta de espaço, mas que teremos todos de usar máscaras, alunos e professores ”, especula Emilie.
“O fato de usar máscaras em sala de aula me bloqueia um pouco, porque a gente não vê as expressões dos alunos. Fica mais difícil haver uma troca entre nós. Eu confesso que estou um pouco à deriva, e aguardo ansiosamente uma informação oficial para saber como vai ser esta retomada. Se a gente voltar a ter aulas a distância, eu vou precisar rever todo o meu planejamento, porque as aulas de base que eu preparo para cada ano não são adaptadas para serem dadas a distância”, explica.
 
Nesses momentos de dúvida, vale a recomendação do jornal Granma, cubano, sobre o retorno a grandes concentrações: “desenvolvimento acima de tudo, mas não a todo o custo”.

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