09/07/2020 às 14h12min - Atualizada em 09/07/2020 às 14h12min

AS LÁGRIMAS DA PANDEMIA

LÍDER DA OMS LAMENTA A FALTA DE LIDERANÇA E DE SOLIDARIEDADE


Tedros Adhanom Ghebreyesus. Nascido na Eritéia, país do nordeste de África, na costa do Mar Vermelho, que faz fronteira com a Etiópia, o Sudão e o Djibouti. Tedros é a principal autoridade da OMS, a Organização Mundial da Saúde. Ele insistiu que os países deveriam "se abrir" à inspeção internacional sobre a pandemia mortal de coronavírus a ser liderada pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark.
Pediu aos líderes mundiais que levem a sério a inspeção e que não permitam que as suas conclusões "sejam jogadas no lixo". Tedros Adhanom Ghebreyesus enxugou as lágrimas quando lembrou da "falta de liderança e de solidariedade" durante a crise.
"Como pode ser tão difícil para os seres humanos se unirem e combaterem um inimigo comum que está matando as pessoas indiscriminadamente?" ele perguntou na quinta-feira durante um discurso em Genebra, na Suíça.
"Somos incapazes de distinguir ou identificar o inimigo comum? Não podemos entender que as divisões e as fendas entre nós são uma vantagem para o vírus?"
 
A Austrália e a União Europeia lideraram a pressão por uma investigação independente sobre as origens e a resposta ao surto. Procuram investigar se o tratamento da doença na China e se o que a OMS e outras organizações fizeram  foi suficiente para tentar impedir sua rápida disseminação no início deste ano.
Helen Clark, altamente respeitada, primeira ministra da Nova Zelândia entre 1999 e 2008 e respeitada como muito perspicaz nos assuntos internacionais, copresidirá a investigação com a ex-presidenta da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf.
Ao anunciar as nomeações, Tedros - cuja própria liderança esteve sob pressão durante a pandemia - atacou países por não se preparar para pandemias e disse que o coronavírus (Covid-19) "prospera na divisão".
"Durante anos, muitos de nós alertamos que uma pandemia respiratória catastrófica era inevitável", disse ele.
"Não era uma questão de se, mas quando. Apesar de todos os avisos, o mundo não estava preparado. Nossos sistemas não estavam prontos. Nossas comunidades não estavam prontas. Nossas cadeias de suprimentos entraram em colapso.
"É hora de uma reflexão muito honesta. Todos nós devemos nos olhar no espelho - a Organização Mundial da Saúde, todos os estados membros, todos os envolvidos na resposta. Todos."

Clark e Sirleaf elaborarão os termos de referência em negociação com os membros da OMS e apresentarão um relatório intermediário em novembro, antes de um veredito final em maio de 2021.
"Nosso mundo mudou com o que está acontecendo", disse Clark. "Está sendo desafiado de uma maneira que nenhum de nós poderia prever."


Leia também em The Sidney Morning Herald

 
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