Quem tentou saber as últimas informações sobre a Covid-19 no Brasil, através do ministério da Saúde, nesse sábado, foi surpreendido com o site fora do ar. A “suposta” manutenção aconteceu no momento em que o Brasil é o epicentro da epidemia em vítimas e números de infectados. A transparência das informações é fundamental para o mundo analisar a evolução da doença. Desde quarta-feira, o acesso aos dados das últimas 24 horas e totalizados ficou mais difícil. Alegando “problemas técnicos” o ministério da Saúde transfeririu o horário da divulgação para às 22h. Como a mudança se repetiu nos dias seguintes, logo surgiram muitos questionamentos se o governo estava atrasando para que o aumento das mortes de vítimas do coronavírus não aparecesse nos principais telejornais da noite. Na sexta-feira, ao sair do Palácio da Alvorada, Bolsonaro até comentou com um ar de deboche para “agradar” a claque fascista. “Hoje não vai ter aquela matéria no Jornal Nacional”. Para quem gosta e defende tanto as armas, o ditado popular “deu um tiro no pé” se encaixa perfeitamente para Bolsonaro. Eram 21.45 quando a vinheta do plantão do Jornal Nacional assustou milhões de lares brasileiros. O apresentador William Bonner entrou confirmando o que tinha prometido ao longo do tempo normal do jornal: a divulgação dos últimos números de mortes causadas pelo coronavírus e casos de infectados no Brasil, dados das últimas 24 horas contabilziados. Será que Bolsonaro e equipe aprovaram o plantão? Nesse sábado, Jair Bolsonaro disse que deixar de informar total de mortes e de casos do coronavírus é “melhor para o Brasil” e que não representa o “momento do Brasil”. Não podia ser diferente as reações às declarações. O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, escreveu no Twitter. “ O ministério da Saúde não adverte mais. Acéfalo e militarizado, presta-se ao papel de empoeirar e retardar informações sérias sobre a pandemia, apenas para satisfazer o apetite conspiratório do presidente e sua batalha pessoal contra a imprensa livre. Um perigoso e letal vexame”. O ministro do STF, Gilmar Mendes, escreveu. “Na pandemia, a divulgação de dados oficiais envolve, além do dever de prestar contas, uma questão de saúde pública. Dados do @minsaude são fundamentais às respostas à #covid19 e devem estar abertos ao público, aos gestores e, portanto, à imprensa de forma consistente e ordenada”. No início da noite, o portal da Covid-19 voltou ao ar, mas não constavam os dados totalizados de mortes e de casos de contaminação.
