30/04/2020 às 13h21min - Atualizada em 30/04/2020 às 13h21min

QUEM É MAIS FORTE, O VÍRUS OU O HOMEM?

QUEM SOBREVIVER DIRÁ...

Recebi de um amigo, um texto muito interessante, de Matheus Venancio Holon Areas (na íntegra, mais abaixo), que trata de embates da Cidade de Campos dos Goytacazes com o vírus da gripe no início do século passado. Era a “época dourada”, em que muito “forasteiro” fazia dinheiro comprando as terras, os engenhos (28 usinas e engenhos) e as dívidas dos antigos barões.

Campos jorrava cultura, vendia modernidade com máquinas importadas da Inglaterra, sentia-se tão poderosa que, quando o Rio de Janeiro foi tomado pela gripe de 1918, o secretário de saúde da cidade, Alberto Cruz, e o prefeito, Luiz Sobral, chegaram a negar a existência do vírus. Isso apesar de relatos assustadores, com sintomas parecidos com os do atual coronavírus (“covid 19”). O campista não acreditava no tal vírus - até que as pessoas começaram a cair, inclusive o prefeito...

Certamente os campistas ainda não sabiam que a palavra vírus vem do latim e significa "veneno" ou "toxina". São pequenos agentes infecciosos, a maioria com diâmetro de 20 a 300 milésimos de milímetro (apesar de existirem vírus “ɡiɡantes”, umas cinco vezes maiores). São estruturas simples, se comparados com as células, e não são considerados organismos - são considerados parasitas intracelulares obrigatórios (o que impede de serem considerados seres vivos) já que dependem de células para se multiplicarem. Ao contrário dos organismos vivos, os vírus são incapazes de crescer em tamanho e de se dividir. Digamos que eles sobrevivem graças a suas células hospedeiras, com os aminoácidos e nucleotídeos, maquinaria de síntese de proteínas (ribossomos) e a energia metabólica. Fora do ambiente intracelular, são inertes. Mas, estando em uma célula, multiplicam-se de forma surpreendente: em poucas horas um único vírus é capaz de se multiplicar em milhares de novos vírus, representam a maior diversidade biológica do planeta, com cerca de 200 mil tipos diferentes de vírus se espalhando nos oceanos.

HG

 

Leia agora:

1918 - O Ano em que Campos parou.

Por Matheus Venancio Holon Areas

 

No início do século XX Campos vivia a sua “época dourada”, se por um lado as “tradicionais” famílias dos “Nobres do Império” decretavam falência ainda pela abolição da escravatura e o final do império em 1889, por outro lado, muito “forasteiro” fez dinheiro comprando as terras, os engenhos e as dívidas dos antigos barões. Nessa época a nossa cidade já contava com mais de 28 usinas e engenhos; “ Abadia, Barcelos, Colégio, Caconda, Cambaíba, Conceição, Cupim, Dores, Fazenda Velha, Limão, Mineiros, Outeiro, Partido, Poço Gordo, Queimado, Sant´Ana, São João, São José, Santa Maria, Santo Antônio, Sapucaia, Santa Cruz, Rio Preto, Tocos, Tocaia, Tahy, Visconde e imigrantes de todas as partes do mundo; França, Inglaterra, Estados Unidos, para trabalhar nas usinas e também nos latifúndios de Café; Campos, Quissamã, Macaé, Macabú e São Fidélis ainda formavam juntas a região que mais produzia café no mundo, e contava entre os seus maiores fazendeiros; Sr. Coronel Stewart, curioso nome? pois sim, um imigrante americano que aqui virou “Coronel”.

Campos jorrava cultura em seus belos teatros, como o “Orion” e “São Salvador”, vendia modernidade para as usinas com novas fábricas que contavam com as mais modernas máquinas importadas da Inglaterra, e o dinheiro era tanto que até pequenas e médias empresas contavam com o melhor maquinário do mercado, como era o caso da “Serraria e Tornearia a Vapor São Benedicto” que em seu anúncio nos jornais publicitavam “Maquinário moderno que chama a atenção dos Srs. Usineiros”. Campos era inabalável, assim como o novo e indestrutível “RMS Titanic”, ora bolas, Campos sobrevivera a “Cólera” de 1855!

A idéia de que Campos era o novo “Titanic” era tão forte, que mesmo depois do famoso naufrágio em 1912 e dos primeiros casos de “Gripe” na capital, Rio de Janeiro em 1918, o “Secretário de saúde de Campos”, Alberto Cruz e o “Prefeito” Luiz Sobral negavam a existência do vírus por aqui, mesmo com casos e relatos assustadores pela cidade, os pacientes relatavam sintomas parecidos ao do atual “covid 19”: Iniciava com uma simples coriza mas logo seguia para uma febre muito alta, vômitos, diarréia, e muita falta de ar. O campista não acreditava no tal vírus até que as pessoas passaram a cair mortas pelas ruas da cidade, o vírus afetou os jogadores de futebol, os marinheiros da escola da marinha e o próprio prefeito, Luiz Sobral, que caiu de cama!

Em 1 mês Campos já passava dos 500 casos e afetava usineiros como Vicente Nogueira que faleceu da gripe aos 49 anos de idade em sua residência na praça São Salvador e era proprietário das Usinas do Queimado e Santa Cruz, o famoso médico Galvão batista de 66 anos de idade, o vírus ainda atacou jornalistas como Sylvio Fontoura, funcionários da Fazenda do Caetá, Usina Barcellos, Usina Cambahyba. Com tantos casos, Campos fechou as portas dos teatros, usinas, fábricas, e o campista (de classe média) fugiu em massa para os seus bugalôs nas praias de Atafona, Grussai, Gargaú e Imbetiba. O número de doentes era incontável, e a Associação comercial da cidade, usineiros e médicos uniram forças para ajudar a população.

A gripe em Campos, atacou ricos e pobres, lotou a Beneficência Portuguesa e a Santa Casa de Misericórdia, fechou a cidade por 3 ou 4 meses num vai e vem de notícias entre “picos” (Julho, Agosto e Setembro) e “curva achatada”(Outubro) e a vida em Campos só voltou ao normal no ano seguinte, entre mortos (muitos) e feridos (muitos) até hoje não sabemos o número exato de vítimas aqui e no mundo, mas segundo historiadores, 50 milhões de vítimas em todo planeta.

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