25/05/2022 às 07h34min - Atualizada em 25/05/2022 às 07h34min

BOLSONARO, O NEUTRALIZADOR DO BRASIL

ELOGIOU A MATANÇA DA VILA CRUZEIRO



Bolsonaro não acerta uma. Ou, talvez, acerte, sim. Talvez torça por mais e mais matanças. No final da noite dessa terça-feira, 24, ele elogiou a operação policial que deixou no mínimo 22 mortos na Vila Cruzeiro (zona norte carioca), a terceira mais letal da história recente da região metropolitana do Rio de Janeiro.
 
"Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa", disse Bolsonaro, esquecendo que as polícias Federal e Rodoviária Federal também participaram da ação.
 
Em pronunciamento nas redes sociais, ele afirmou que a operação foi planejada durante vários meses. Disse que os agentes de segurança monitoravam os passos de chefes do tráfico de drogas com o objetivo de prendê-los fora da comunidade e que isso não foi possível devido ao ataque de uma facção criminosa, "fazendo-se necessário o uso da força para conter as ações".
 
Segundo a Polícia Militar, a ação dessa terça tinha o objetivo de prender em flagrante mais de 50 traficantes de vários estados que sairiam em comboio em direção à favela da Rocinha, na zona sul da cidade. O plano, porém, foi frustrado quando uma das equipes à paisana foi descoberta e atacada na entrada da comunidade, por volta das 4h.
"Para se ter ideia do grau de violência dos bandidos, parte dos alvos da operação foram responsáveis pelo assassinato de 13 agentes de segurança pública somente em 2022", disse Bolsonaro.
Ele criticou os especialistas em segurança pública que apontaram erros na operação dizendo que eles omitem as informações sobre o perfil dos mortos com o intuito de "demonizar aqueles que arriscam suas vidas por nós".
 
Bolsonaro postou uma foto das armas e drogas que a polícia diz ter apreendido na Vila Cruzeiro e citou números: 13 fuzis, quatro pistolas e 12 granadas. Segundo ele, 30 veículos roubados foram recuperados.
 
Entre os mortos está Gabrielle Ferreira da Cunha, 41, alvejada dentro de casa. Segundo a PM, ela foi atingida durante o confronto, na comunidade vizinha da Chatuba (!!!). A Delegacia de Homicídios da Capital fez perícia na residência para investigar de onde partiu o tiro.
Bolsonaro lamentou a morte de Gabrielle e logo em seguida disse que lamenta também a "inversão de valores de parte da mídia, que isenta o bandido de qualquer responsabilidade". Como assim? Quem isenta o bandido de qualquer responsabilidade? O que não se quer é uma polícia despreparada, mais voltada para espalhar mortes do que para combater o crime. A polícia acaba, com isso, prejudicando o seu trabalho de inteligência.
 
Por causa do confronto na Vila Cruzeiro, 19 escolas da região precisaram fechar as portas, segundo a Secretaria Estadual de Educação. A operação conjunta virou alvo de investigação nos Ministérios Públicos federal e do estado do Rio de Janeiro. O objetivo é apurar eventuais violações de direitos durante a ação da Polícia Militar, da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal na comunidade da zona norte carioca.
 
SUSPEITA DE CHACINA
A Ouvidoria e o Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública do Rio de Janeiro foram ao Complexo da Penha para coletar informações e fornecer auxílio. Em nota, o órgão disse que "os moradores pedem socorro enquanto relatam desespero, angústia e muito medo" e que escolas, aparelhos públicos e o comércio local estão fechados.
Além de 22 mortes confirmadas até o momento, outras duas foram informadas pela comunidade local. Os órgãos afirmam que a "alta letalidade da operação levanta suspeita de que houve uma chacina" pelos policiais. "O eventual envolvimento de algumas vítimas com o crime não autoriza, por si só, o homicídio por agentes do Estado", dizem, em nota.
 
Leia também na Folha e no Brasil247.
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