06/03/2020 às 18h47min - Atualizada em 06/03/2020 às 18h47min

BYE, BYE, BRAZIL!

ESTRANGEIROS BATEM RECORDE DE SAÍDA...


Em apenas 64 dias de 2020, estrangeiros sacaram R$ 44,8 bilhões da Bolsa de Valores brasileira. Essa quantia é superior a tudo que foi sacado nos 365 dias de 2019 – que alcançou R$ 44,5 bilhões, sem contar ofertas de ações (IPOs​ e follow-ons).
Esse valor também supera o que foi retirado em 2008, que até agora era o maior valor da série histórica da Bovespa. Em valores corrigidos pela inflação, foram sacados R$ 44,6 bilhões no ano da crise financeira. A velocidade de saída de 2020 também é recorde, cerca de R$ 1,05 bilhão por pregão, superando a média diária de 2008.

Considerando IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) e follow-ons (oferta subsequente de ações), o saldo de estrangeiros está negativo em R$ 33,4 bilhões somente neste ano. Em 2019, considerando essas operações, a saída foi de R$ 4,7 bilhões.

Este ano está marcado, em toda parte, pelo temor de investidores com o impacto econômico do coronavírus e com a desaceleração da economia global. A Bolsa de Nova York, por exemplo, teve sua queda de 785,91 pontos. Aqui entre nós, obviamente, deve-se acrescentar a isso o “efeito bolsonguedes”.
“Estamos vivendo um momento de aversão a risco muito grande. Com a chegada do vírus na Itália, nos Estados Unidos e na América do Sul, a coisa complica e estrangeiros retiram recursos de emergentes”, afirma Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

“O surto vem se espalhando e por aqui acompanhamos a aversão a risco do mundo inteiro. Somos uma economia emergente e, por isso, se está ruim nas principais Bolsas do mundo, sofremos de maneira mais aguda”, afirma Victor Lima, analista da Toro Investimentos.

Além do fator coronavírus, ele destaca o fraco desempenho da economia local.
“Se o PIB de 2019  não tivesse sido tão ruim, a saída não seria tão forte”, diz Lima.

A evasão de dólares da Bolsa e dos outros investimentos contribui para elevar a cotação do dólar. Na quinta (5), a moeda americana bateu novo recorde nominal, a R$ 4,653. Nesta sexta-feira (6), após novos leilões do BC de swap cambial no valor de US$ 2 bilhões, a moeda caiu 0,4%, a R$ 4,634. O turismo está a R$ 4,81 na venda.
A Bolsa de Valores tem o segundo pregão seguido de forte queda, com recuo de 5%, a 97.052 pontos, menor patamar desde 27 de agosto de 2019. A queda foi pressionada pela Petrobras, cujas ações despencam com a queda internacional do petróleo, causada pelo fato de a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a Rússia não terem entrado em acordo sobre cortes mais profundos na produção de petróleo, para manter o patamar do preço com a queda na demanda em meio à epidemia de coronavírus.

O risco-país do Brasil medido pelo CDS (Credit Default Swap) de cinco anos, um tipo de contrato que funciona como termômetro da confiança dos investidores em relação a economias, sobe 11%, a 143 pontos, maior patamar desde outubro de 2019.
Na quinta, o CDS brasileiro subiu 14,4%, a maior alta percentual diária desde o chamado Joesley Day, em 18 de maio de 2017, dia em que foi divulgada a informação de que Joesley Batista tinha gravado conversa com o então presidente Michel Temer (MDB). Na ocasião, o risco-país teve alta de 29%, para 265 pontos. Se o CDS sobe, é sinal de que os investidores temem o futuro financeiro do país. Aliás, o temor pelo futuro é de todos os brasileiros...
 
Leia também no Brasil247 e na Folha.

 
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