02/03/2020 às 15h03min - Atualizada em 02/03/2020 às 15h03min

MOTIM NO CEARÁ CHEGA AO FIM, MAS SEM ANISTIA

CIRO E MORO BATEM BOCA NAS REDES SOCIAIS


Depois de enfrentar 13 dias de um motim dos policiais militares e bombeiros, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), manteve a posição de não negociar com quem “agiu mascarado cometendo crimes”. Desde o início do movimento ilegal - policiais armados não podem fazer greve -, Camilo Santana avisou: “Anistia de quem fizer motim é inegociável”. O acordo para o fim da mais longa paralisação dos PMs saiu, nesse domingo, dia 1º de março, depois de mais de uma semana de negociação com a comissão formada por representantes dos três poderes e sem anistia. Uma comissão externa formada pela OAB-CE, Defensoria-Geral e MP-CE vai acompanhar todo o processo da aplicação das penas e sanções. Quem faltou e levou atestado falso será punido e os amotinados que tomaram as viaturas do quarteis também vão responder pelos atos. As transferências dos militares estão suspensas por seis meses. Sobre o reajuste salarial, ficou acertado que “haverá, no curso do processo legislativo, o reestudo e a efetiva rediscussão da tabela salarial enviada por mensagem do Poder Executivo à Assembleia Legislativa, respeitados os limites orçamentários ali previstos”. O governo do Ceará confirmou que todos os amotinados presos e responsáveis pelos ataques durante a paralisação terão um julgamento justo e serão acompanhados pela comissão. Durante os 13 dias de motim, o Ceará registrou a morte de mais de 200 pessoas, muito acima da média.
Durante a assembleia dos policiais militares, um dos líderes do movimento, Cabo Sabino, pegou o microfone e resumiu quem “ganhou  a queda de braço”

 

Enquanto o governador Camilo Santana, um dos mais bem avaliados do país, já planejava os próximos passos para a retomanda da normalidade no Ceará, um bate-boca entre o ex-ministro Ciro Gomes e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, chamou a atenção nas redes sociais. Ciro Gomes mandou recado para o governo federal: "Aprende, Bolsonaro e seu capanga Moro: no Ceará está o seu pior pesadelo! Generais, aqui manda a Lei!”. O ministro Sérgio Moro tentou creditar o acordo ao apoio do governo Bolsonaro. “A crise no Ceará só foi resolvida pela ação do Governo Federal, Forças Armadas e Força Nacional que protegeram a população e garantiram a segurança. Explorar politicamente o episódio, ofender policiais ou atacá-los fisicamente só atrapalharam. Apesar dos Gomes,a crise foi resolvida”.

O ministro da Justiça só não disse que ele, a ministra Damares Alves e até o comandante da Força Nacional mostraram de que lado estavam, mesmo a greve sendo ilegal. Nesse domingo, durante a assembleia, o diretor da Força Nacional de Segurança Pública, coronel Aginaldo de Oliveira, dividiu o palanque com representantes de esposas de policiais, o advogado dos PMs, coronel Walmir Medeiros, e deu parabéns aos PMs. “É muita coragem fazer o que os senhores estão fazendo. Não é pra todo mundo. É aquela coisa: os covardes nunca tentam. Os fracos ficam pelo meio do caminho. Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão atingindo os seus objetivos. Vocês movimentaram toda uma comissão de poderes constituídos do estado cearense e do governo federal. Então os senhores se agigantaram de uma forma que não tem tamanho, e é o tamanho do Brasil que vocês representam”. E o militar que estava lá para cumprir a lei, ainda mandou recado para o governador Camilo Santana.“Não serão covardes! Será covardia se o que foi pactuado não for cumprido. A gente acredita no que foi pactuado, no que está escrito, e voltaremos à paz. Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.

As tentativas de enganar o povo esbarraram na tomada de posição de outros  governadores. Ao ameaçar não renovar o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, o presidente Jair Bolsonaro provocou a mobilização  dos governadores do Maranhão, Rio de Janeiro, Piauí e Bahia de enviar policiais militares para garantir a segurança para a população do Ceará, caso as Forças Armadas e a Força Nacional deixassem o estado. Só restou a Bolsonaro ampliar, por uma semana, a permanência das tropas federais. Os governadores mandaram o aviso e estão em alerta.
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