O senador licenciado Cid Gomes ( PDT-CE) já está na enfermaria do Hospital do Coração, em Sobral, Ceará. Estava na UTI desde o fim da tarde, dessa quarta-feira, quando foi baleado, no tórax, durante um protesto de policiais militares em greve. Cid dirigia uma retroescavadeira e tentou furar o bloqueio dos policiais que estavam amotinados em um quartel da PM. A situação era muito tensa, porque homens com capuz começaram a rodar a cidade ameaçando comerciantes, motoristas e as pessoas que passavam. O aumento salarial é a principal reivindicação da categoria. O governador Camilo Santana (PT) e as lideranças dos policiais já haviam chegado a um acordo, mas um grupo se rebelou e a situação se agravou. Quarteis da PM foram invadidos e sucateados, carros destruídos e até incendiados. O secretário da Segurança Pública do Ceará, André Costa, confirma que 261 policiais militares estão respondendo a inquéritos militares e procedimentos administrativos pela participação nesses atos. Nessa quinta-feira, o governo do Ceará já retomou o controle do quartel de Sobral. Enquanto isso, a população e políticos de todo o Brasil questionam: homens mascarados são grevistas ou milicianos? A ex-presidenta Dilma Rousseff foi taxativa nas redes sociais: “Policiais armados e mascarados não são grevistas, são criminosos” Dilma também fez um alerta sobre a influência do governo Bolsonaro e o sentimento de impunidade entre os PMs, nessa greve que já foi considerada ilegal. “Repudio o atentado contra Cid Gomes. A tentativa de homicídio de um Senador da República pode levar a um ambiente de descontrole e violência não apenas no Ceará, mas no país. Policiais armados e mascarados não são grevistas, são criminosos, e como tal devem ser detidos e punidos”, escreveu a ex-presidenta. E denuncia: “Quem atirou no Senador sentia-se amparado na autoridade federal que apoia a violência e a elogia”, disse. “O perigo é que uma crise de autoridade nos estados, com policiais amotinados, armados e aterrorizando a população, vire ingrediente para uma situação propícia a aventuras e golpes. Seria uma grave ameaça à democracia, produzindo a instabilidade política que leva às ditaduras”, continuou.
O jornalista Marcelo Auler também faz uma séria denúncia, nessa quinta-feira, no seu blog. Ao fazer um levantamento nas matérias sobre a greve dos PMs cearenses, Auler constatou que assessores da ministra Damares Alves estavam no Ceará. E escreveu. “O registro parece perdido em uma reportagem do jornal O Povo, do Ceará. Na tarde de quarta-feira (19/02), junto com os deputados que tentaram sem sucesso audiência com o governador Camilo Santana (PT), estavam dois assessores da ministra Damares Alves: Sérgio Queiroz, secretário nacional de Proteção Global, e Herbert Barros, o diretor de Proteção e Defesa de Direitos Humanos.
Mais curioso ainda é saber que naquela mesma tarde se noticiava que Queiroz vai para o ministério da Cidadania, auxiliar Onyx Lorenzoni. O jornalista ainda vai mais longe sobre o apoio dos assessores aos manifestantes que estavam no motim de Sobral. “O que pode parecer estranho, porém, é a participação de assessores diretos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) na defesa de tais manifestantes. Dois deles estavam, na quarta-feira (20/02), ao lado do deputado federal e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner (PROS), na tentativa frustrada de uma audiência com o governador Camilo Santana (PT), para “mediar os interesses da categoria”, como noticiou o jornal cearense O Povo”.
