Há algo de esquizofrênico entre os Bolsonaros. Alteram momentos em que fazem declarações em uma direção com outros momentos de declarações em sentido diametralmente oposto. Pode-se perceber isso claramente em suas declarações sobre milícia e particularmente sobre o miliciano Adriano Nóbrega, morto recentemente no interior da Bahia, por soldados da polícia baiana.
Em discurso datado de 12 de agosto de 2003, na Câmara dos Deputados, o então deputado federal pelo PTB do Rio, Jair Bolsonaro, declarou em alto e bom som: “(...) Quero dizer que, enquanto o estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem vindo”.
Em entrevista neste sábado (15), no Rio de Janeiro, fez questão de justificar a homenagem que o ex-capitão da PM Adriano Nóbrega, morto no domingo (9), recebeu, proposta de Flávio Bolsonaro. Disse que Adriano era um herói na época em que foi homenageado. Fazia questão, portanto, de limpar a barra do filho, mas não falou que a mãe de Adriano trabalhou para a sua família.
Ao lado do pai, o senador Flávio Bolsonaro, que havia condecorado Adriano por bravura, pediu para responder também as perguntas dos repórteres sobre a morte do capitão. Ele afirmou ter condecorado centenas de outros policiais na mesma época da condecoração de Adriano, por bravura em ações policiais. “Não adianta querer me vincular com milícias, não vai conseguir”, disse ele.
Mas é difícil não vincular. No dia 14 de março de 2018, um carro emparelhou com o carro que conduzia a vereadora do PSOL, Marielle Franco, e foram disparados 13 tiros que mataram a vereadora e o seu motorista. Ela era adversária política e concorrente direta dos Bolsonaros. Adriano teria sido o atirador. Mesmo os Bolsonaros não tendo autorizado um crime tão violento assim, é claro que foram beneficiados.