A repercussão da entrevista do médico Drauzio Varella, no programa Roda Viva, nessa segunda-feira, deu uma “injeção” de sensatez e ânimo nas mídias sociais do Brasil, tão atacadas por fakenews de grupos que apoiam os terraplanistas, o fim dos programas de prevenção e de atendimento aos portadores de doenças sexualmente transmissíveis, a privatização da Saúde, da Educação e das pesquisas que tanto beneficiam a população. A interferência da religião nos programas de saúde pública foi duramente criticada por Drauzio Varella. Ele lembrou como a sociedade aprendeu com a epidemia da AIDS. Ao ser questionado sobre a recente declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que disse que uma pessoa portadora de HIV é "despesa para todos no Brasil", e de pessoas do governo que contestam a ciência e o desenvolvimento tecnológico, Drauzio Varella fez uma defesa veemente do trabalho desenvolvido pelos cientistas.
Para Drauzio Varella, os brasileiros não sabem o que é o SUS. Ele reafirmou a importância do financiamento do governo para preservar a saúde do brasileiro. O médico lembrou como foi criado o Sistema Único de Saúde. “Nenhum país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes ousou oferecer saúde gratuita para a população”. A gravidez na adolescência também foi um tema que mereceu destaque e muita indignação do médico. Ele não admite que os os programas públicos raramente falem para os homens. Disse que o Brasil “fecha os olhos” para a gravidez na adolescência. É uma realidade que a sociedade finge que não existe”. Drauzio ressaltou que “20% dos partos do SUS são de adolescentes, não é um número pequeno. Vejo na cadeia menina que, com 14 anos, teve o primeiro filho, com 16, o segundo, com 17, o terceiro. Os homens engravidam as mulheres e não têm nenhuma responsabilidade". E citou a infância desassistida, a adolescência criada sem limites e o convívio com pares violentos como os três fatores responsáveis pelo problema. Perguntado se há risco do coronavírus chegar ao Brasil, o médico Drauzio Varella não tem dúvida que vai chegar, mas confia que os epidemiologistas vão conseguir saber como tratar o vírus e sua transmissão. O que ele não acredita - e combateu na entrevista - foram as fakenews na área da saúde, principalmente as divulgadas pelos grupos antivacinais e aqueles que vendem remédio pela internet.
