10/02/2020 às 18h32min - Atualizada em 10/02/2020 às 18h32min
SÃO PAULO NÃO PODE AFUNDAR!
OUVIU, DORIA?????
Não se sabe o que é pior em certos governantes que temos por aí - principalmente nas grandes cidades - se é a ignorância total ou se é a ignorância repleta de arrogância. Talvez dê no mesmo. Mas a arrogância que a ignorância do governador de São Paulo, João Doria, conduz a tiracolo é de tirar do sério qualquer ser humano.
Hoje, o paulistano, jornalista e escritor nascido em São Paulo, Mauro Donato, desmascara um pouco esse “governador”, mas que serve para todos os “dórias” que infestam o país, a começar pelo nosso planalto. O título é direto: “Medidas de Doria mergulharam São Paulo neste caos”. Começa pelo amanhecer de São Paulo nesta segunda-feira, 10, tudo submerso em (mais um...) mar de lama, após algumas poucas horas de chuva ininterrupta. Será que Dória - está no exterior - tem noção do que acontece neste pobre estado brasileiro?
Vale a pena ler na íntegra:
Embora certamente ouviremos e leremos ao longo de todo o dia afirmações do tipo “choveu mais do que o previsto” ou mesmo diagnósticos estupendos como o do prefeito de Belo Horizonte em situação semelhante (“Essa água veio do céu”, disse ele há poucas semanas), a verdade é que esse desastre tem o dedo de João Doria. Ainda no ano passado, o governador Doria extinguiu órgãos que regulamentavam e fiscalizavam setores ligados ao urbanismo e ao meio ambiente. Uma empresa como a Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A.) era essencial para o planejamento urbano. Era com dados dessa estatal que os PDUIs (Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado) eram abastecidos de informações técnicas que orientavam a ocupação do solo. A Emplasa tinha um enorme acervo de mapas, relatórios técnicos e sistemas de informações fundamentais para o planejamento urbano. Eram com as informações cartográficas e geoprocessadas produzidas pela empresa que o uso e ocupação do solo, leis de zoneamento, áreas de proteção aos mananciais se baseavam. Sem a estatal, a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Urbano) e o Sistema de Informações Metropolitanas, por exemplo, pararam de ser atualizados. A extinção da Emplasa se deu em meados de 2019 e até o começo deste ano o governador não tinha decidido para quais outros órgãos públicos seriam transferidos os sistemas de informações e conjunto de acervos. Isso só foi feito há poucas semanas, sendo que parte das informações, como as cartográficas, foram repassados ao Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), que disponibiliza somente mapas físicos! Sim, mapas em papel, como nos filmes do Indiana Jones. Alguma dúvida que isso resultaria em desordem e caos? Em uma cidade que se expande e se modifica na velocidade de São Paulo, com alto índice populacional, ficar todo esse tempo sem ninguém fiscalizando ou orientando obras que impermeabilizam o solo cada dia mais, não tinha como resultar em outra coisa. Além da Emplasa, Doria acabou com a Companhia Paulista de Obras e Serviços (CPOS) que fiscalizava obras públicas e a Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codasp) que cuidava de barragens. Ao que tudo indica, Doria pretende trazer para SP os desastres nada naturais que acontecem em Minas Gerais. A todo momento João Doria vem querendo negar o tal ‘Bolsodoria’ que ele mesmo divulgou. Inegável, porém, que o alinhamento do paulista com aquele outro energúmeno não foi de mero oportunismo de campanha. As medidas administrativas de ambos são similares e desastrosas. Assim como as desculpas esfarrapadas. Foi graças a Bolsonaro ter extinguido órgãos de fiscalização do meio ambiente que o derramamento de óleo ocorrido no ano passado chegou às praias e resultou naquele desastre gigantesco. Ou que as queimadas na Amazônia ganhassem a proporção que ganharam. Causa e consequência, simples assim. 85% dos brasileiros moram em áreas urbanas atualmente e estudos estimam em cerca de dez anos o prazo para que mais de 90% da população do país viva em cidades, uma concentração populacional que exige dos ‘gestores’ públicos medidas que suportem a funcionalidade das cidades. Um Bolsonaro de cashmere, o governador João Doria segue os mesmos passos do desmonte geral de instituições e estatais. Algo que sempre cobra o preço mais cedo ou mais tarde. Depois não adianta vir responsabilizando ‘instabilidades atmosféricas’. O clima nunca foi estável, por natureza. Mauro Donato Leia também no
DCM