21/01/2020 às 16h45min - Atualizada em 21/01/2020 às 16h45min

​DEU NO THE NEW YORK TIMES:

PROMOTORES DA LAVA A JATO ACUSAM JORNALISTA AMERICANO

 
Em uma denúncia divulgada na terça-feira, promotores de Brasília acusaram o jornalista americano Glenn Greenwald de fazer parte de uma "organização criminosa" que invadiu os celulares de vários promotores e de outros funcionários públicos no ano passado.
Greenwald, um crítico fervoroso do presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, é uma figura fortemente polarizante na forte divisão política do Brasil. Essa percepção ficou mais forte quando a organização que ele co-fundou, The Intercept Brasil, publicou artigos, no ano passado, com base nas mensagens vazadas de celulares que levantavam questões sobre a integridade e os motivos dos principais membros do sistema judiciário brasileiro.
 
Os artigos questionam a imparcialidade de um ex-juiz, Sérgio Moro, e de alguns dos promotores que trabalharam em uma investigação de corrupção que levou várias figuras políticas e empresariais poderosas à prisão. Entre eles estava um ex-presidente, esquerdista, bastante popular, cuja prisão abriu o caminho para a mudança radical de direita no Brasil e a eleição de Bolsonaro. Moro agora é ministro da Justiça de Bolsonaro.
Em uma declaração, Greenwald chamou as acusações de "uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro".
 
Em uma denúncia criminal de 95 páginas, os promotores dizem que The Intercept Brasil, a empresa de notícias que Greenwald co-fundou, recebeu mais do que meramente as mensagens hackeadas e supriu a publicação de informações dignas de nota.
Citando mensagens interceptadas entre Greenwald e os hackers, os promotores dizem que o jornalista desempenhou um "papel claro na facilitação da prática de um crime".
Por exemplo, os promotores afirmam que Greenwald incentivou os hackers a excluir arquivos que já haviam sido compartilhados com o The Intercept Brasil, a fim de cobrir seus rastros.
Os promotores também dizem que Greenwald estava se comunicando com os hackers enquanto eles monitoravam ativamente as conversas privadas no Telegram, um aplicativo de mensagens.
 
Greenwald se mudou para o Brasil em 2005, depois de conhecer David Miranda, um brasileiro com quem se casou mais tarde e que se tornou deputado federal no ano passado.
Greenwald ficou conhecido por seu papel na divulgação de documentos classificados de “segurança nacional” vazados pelo ex representante da Agência de Segurança Nacional, Edward Snowden, em 2013. Ele foi co-fundador do The Intercept Brasil em 2016.
Greenwald mostrou-se preocupado, no ano passado, pelo que as autoridades poderiam acusá-lo criminalmente como represália pela reportagem do The Intercept Brasil, com base nas mensagens vazadas.
As preocupações de Greenwald foram parcialmente baseadas em relatos de que autoridades federais estavam investigando suas finanças.
Esses relatos levaram um juiz da Suprema Corte, Gilmar Mendes, a emitir uma ordem extraordinária proibindo a polícia federal de investigar o papel de Greenwald na disseminação das mensagens hackeadas.
Os promotores disseram na terça-feira que cumpriram essa ordem até encontrarem mensagens de áudio que, segundo eles, envolviam Greenwald em atividades criminosas.
 
Manuela Andreoni contribuiu com reportagem do Rio de Janeiro e Leticia Casado contribuiu de Brasília.
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