15/01/2020 às 12h02min - Atualizada em 15/01/2020 às 12h02min

ELEIÇÕES MUNICIPAIS NACIONALIZADAS

LULA X BOLSONARO.

O “velho” ano novo começa com o debate sobre a conjuntura em que se darão as eleições municipais no país.
Quando o poder neofascista é usado para impor a ditadura neoliberal do mercado e o entreguismo desenfreado ao Império americano, como é o caso do governo Bolsonaro, os trabalhadores perdem seus direitos, exclusão volta a crescer e a desigualdade social dá um salto mortal.
Para além da esfera econômico-social há um rebaixamento geral da qualidade de vida também para as classes médias.
Nessas condições, aquela tendência eleitoral manipulada que levou o neofascismo ao poder começou a minguar ao longo do primeiro ano de Bolsonaro “presidente”, como atestam todas as pesquisas.
O que vemos agora, no início do segundo ano desse inacreditável desgoverno, é um processo de destilação do eleitorado bolsonarista, com o isolamento crescente de suas impurezas fascistas, os elementos fascistas do governo, da Justiça e das milícias virtuais.
Uma destilação política inevitável, pois causada tanto pela exclusão social, o desemprego e o enorme crescimento do trabalho informal, agora glamourizado pela mídia como “novo empreendedorismo”, quanto pelo esmagamento da educação e cultura e a promoção do racismo, misoginia e homofobia.
A grande mídia, que deu o golpe na presidenta Dilma e ajudou a prender Lula, tenta desesperadamente culpar o ex-presidente por essa polarização para desgastar a sua crescente influência política na sociedade. Na verdade, tal polarização é produzida pela política neofascista de Bolsonaro que trata como inimiga a maior parte da sociedade, empurrando para o gueto político as populações negras e indígenas, as mulheres, os intelectuais e artistas, as juventudes, as classes trabalhadoras e os governos e povo do Nordeste.
Num quadro onde a contradição central é entre a barbárie neofascista e a civilização democrática, não há espaço para terceira via, mas unicamente para a convergência ampla e suprapartidária das forças identificadas com os valores e princípios do Estado de direito e pela justiça social e a soberania nacional.
Toda esse processo de destilação e polarização política se manifestará na nacionalização dos debates e do voto nas próximas eleições municipais, especialmente nas capitais e grandes cidades, opondo as duas maiores lideranças do país, o neofascista Bolsonaro e o líder democrático e popular, Lula.
A direita não fascista, representada principalmente pela Globo, busca qualquer nome (inclusive o próprio Moro) que possa ser alternativa ao tóxico e incontrolável Bolsonaro, muito embora apoie cegamente o liberalismo radical de seu ministro da Fazenda, Guedes, corresponsável pelo aprofundamento da contradição entre barbárie e civilização.
Contradição esta que cria o terreno favorável para a nova ascensão popular de Lula como alternativa de justiça social, democracia e soberania nacional, contra a qual o campo do centro-direita terá grande dificuldade de afastar o ex-presidente dessa posição em 2022, a não ser que recorra novamente à campanha de calúnia e ao autoritarismo judicial. Mas agora a sociedade democrática amadureceu e está mais vigilante.

Val Carvalho
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