06/01/2020 às 14h33min - Atualizada em 06/01/2020 às 14h33min

REUNIÃO NO BRASIL DEVE DISCUTIR APOIO AOS EUA

GRANDES POTÊNCIAS NÃO PARTICIPAM DO ENCONTRO

Diplomatas de grandes potências mundiais temem que o encontro que vai acontecer no Brasil, nos dias 5 e 6 de fevereiro. se trasforme em um grande debate sobre a crise Estados Unidos x Irã. A reunião  sobre assuntos relacionados à crise humanitária e refugiados no Oriente Médio e Golfo Pérsico, foi agendada em dezembro. Ela faz parte do Processo de Varsóvia lançado pelo governo Trump, no início do ano passado, com aliados dos EUA. Para os diplomatas entrevistados  pelo colunista do UOL, Jamil Chade, o processo só tem um objetivo: conter o Irã. A Rússia, China e a França, se recusaram a participar porque consideram que é uma forma diplomática do governo Trump de redesenhear as forças sem o Irã. A Palestina, Iraque, Síria, Turquia e Líbano também foram contra essa manobra dos americanos. 
Ao sediar o encontro, o Brasil reafirma a posição de aliado dos EUA, que vem sendo combatida até por uma importante ala das forças armadas brasileiras. O comunicado do Itamaraty apoiando  o ataque ao Iraque, que causou a morte do general Qasem Soleimani,  na sexta-feira, causou muito apreensão aos diplomatas brasileiros. Os americanos pressionam os aliados para mostrar “unidade” nesse momento que o Irã anuncia que a morte do general, considerado um herói nacional, vai ser vingada. Temendo virar alvos nessa crise Trump x Irã, países que têm bases americanas ou que são fortes aliados, já manifestaram preocupação. Reino Unido, Austrália e Canadá se queixaram de que não foram consultados do ataque  e eles mantém soldados na região.
Devem participar da reunião em Brasília, Israel, Afeganistão, Bahrein, Jordânia, Emirados Árabes e Arábia Saudita. Para os diplomatas europeus, os americanos vão aproveitar para garantir o apoio de futuros atos contra o Irã. Experientes diplomatas brasileiros, que não querem se identificar com medo de represálias, consideram que a posição do Itamaraty rompeu com a tradição do Brasil de sempre zelar pela paz e negociação. Outro ponto importante é a violação da soberania de um outro país."Ninguém respeita quem adota uma posição de lacaio", Em vez de defender os interesses do país, defendem os interesses americanos. Assim, nenhum país pode ser respeitado", alertou um embaixador. Riscos até na área comercial foram observados pelos diplomatas. A neutralidade do Brasil é muito importante nesse momento. 
O apoio aos EUA também foi muito criticado pelos internautas. Como medo do Brasil também virar alvo nessa crise, a hastag #BolsonaroCalaBoca chegou aos Trendings Topics do Twiiter, mas esqueceram que o chanceler Ernesto Araújo, aquele que acredita que a Terra é plana, é um aliado de primeira hora do Trump. 
No Irã, as homenagens ao general Qasem Soleimani levam multidões às ruas e vão até essa terça-feira. No Iraque, o embaixador da China, Zhang Tao, se encontrou com o primeiro-ministro, Adil Abdul al-Mahdi, e garantiu apoio militar. O parlamento iraquiano aprovou, nesse fim de semana, uma resolução que exige a retirada das tropas americanas do país. O presidente Donald Trump já avisou que só sai do Iraque quando o Bagdá pagar o que deve pela 
“base aérea extraordinariamente cara lá. Custou bilhões de dólares muito antes de meu governo. Não vamos embora ao menos que paguem”. Com tantos problemas internos, o Brasil insiste em se manter 
“no olho do furacão” desse crise. O ex-chanceler brasileiro, Celso Amorim, experiente especialista sobre a região, faz um alerta: "A questão é saber até onde irá  a aliança. E se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros?  

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