O general Carlos Alberto dos Santos Cruz é ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro. Conhece bem os subterrâneos do bolsonarismo, essa coisa esquisita que tomou de assalto o nosso país. E é ele quem diz: "Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro, de jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus, ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento". Ou seja: não confia nem um pouco.
O general disse, em entrevista à BBC News Brasil, que “(o combate à) Corrupção, da maneira que estava estruturada no momento da eleição, você tinha operação Lava Jato (na realidade a Polícia Federal –, Ministério Público trabalhando nisso, você tinha o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, hoje renomeado Unidade de Inteligência Financeira-UIF). São os instrumentos com que você combate corrupção, controlando lavagem de dinheiro. Esses mecanismos sofreram um pouco de desgaste".
Diz ele que "o Coaf, quando foi para o Banco Central (por escolha do governo Bolsonaro), muitos percebem que ele trocou de nome e reduziu atividade. A própria operação Lava Jato passou, passa por diversos desgastes também. A própria Polícia Federal, teve um período ali de muita pressão sobre o diretor para ser trocado ou não (em setembro, Bolsonaro disse que a PF precisava de uma "arejada" e que Moro podia trocar o diretor Maurício Valeixo, o que não se concretizou). Essas coisas atrapalham", acrescentou.
"Agora, foi criada uma nova figura de juiz de garantia e a gente tem que ver como é que vai ser. A prisão em segundo instância (proibida pelo STF), tudo isso, todo esse conjunto de coisas trouxe um pouco de sensação de que o combate à corrupção está se tornando cada dia mais difícil".
Pelo sim, pelo não, o general Santos Cruz, como a maioria do povo brasileiro, já não confia em Bolsonaro. É bom guardar tudo isso na memória, para que na próxima eleição ninguém corra o risco de votar nem nele nem nos seus apadrinhados.
