02/01/2020 às 09h31min - Atualizada em 02/01/2020 às 09h31min

ESTÁ EXPLICADA A TRAGÉDIA:

TEMER DIZ QUE BOLSONARO É SEU SEGUIDOR...

 
O ex-presidente Michel Temer às vezes parece meio pancada, às vezes parece farsante. Às vezes parece tudo isso ao mesmo tempo. Mas tem uma coisa que ele é sempre: é o supra sumo da vaidade!
Deu entrevista ao Estadão – publicada hoje, dia 2 – onde declarou que o (des)governo Bolsonaro “vai indo bem” (meu Deus, é um desinformado!!) porque dá sequência ao que ele fez. Diz também que votou em Bolsonaro (não se poderia esperar outra coisa...), mas que “discorda das bandeiras do sucessor”. Com isso demonstra apenas grande descompasso.

Mas Temer vai além: está se dedicando a escrever um romance de ficção inspirado em sua própria história! Nisso está coerente: sua passagem pelo governo parece mesmo obra de ficção, ou melhor, parece chanchada, daquelas que a Atlântida jamais teria coragem de produzir.

Quando fala de política, é um desastre, chega até a dar “conselhos” a Lula, diz que ele deveria ter buscado a pacificação ao sair da cadeia e também descarta o “rótulo” dos políticos entre direita, esquerda e centro. “Essa coisa de esquerda e direita ninguém dá mais importância. Mesmo o centro”, disse um típico vaselina de centro-direita.

Trechos da entrevista tipo “espelho, espelho meu”:
 
  • O governo vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz.
  • Peguei uma estrada esburacada. O PIB estava negativo 4%. Um ano e sete meses depois o PIB estava positivo 1.1%, além da queda da inflação e da recuperação das estatais.
  • Entreguei uma estrada asfaltada. O governo Bolsonaro, diferente do que é comum em outros governos que invalidam anterior, deu sequência. Bolsonaro está dando sequência ao que eu fiz.
  • O presidente Bolsonaro diz uma determinada coisa, mas sua ação é diversa. Quando ele me visitou logo após a eleição, me pediu modestamente para dar conselhos. Eu disse que não daria conselhos para quem foi eleito com quase 60 milhões de votos, mas disse que daria palpites. Disse que a relação com China é importantíssima. Não podemos ser unilateralistas. E verifiquei que, tempos depois, ele foi à China.
  • Acabei votando em Bolsonaro (no segundo turno) por uma razão. Eu recebia muitas críticas indevidas da outra candidatura (Fernando Haddad). Votei em quem não falou mal do meu governo.
  • É fundamental ter um fundo partidário por uma razão pautada pelo princípio da igualdade. Se não tiver, só vai se eleger quem for milionário.
  • O excludente de ilicitude pode entusiasmar uma espécie de ação policial. Isso passa por uma área de subjetividade muito grande. E a subjetividade é a negação da segurança jurídica.
  • O Supremo decidiu corretamente do ponto de vista jurídico sobre a prisão após condenação em 2° instância. Hoje há muito populismo nas questões de natureza jurídica. Nesse episódio da 2° instância, a Constituição diz muito claramente que só será considerado culpado aquele que tiver a sentença condenatória transitada em julgado.
  • Imaginei que a sabedoria política determinaria que Lula dedicasse os 580 dias na prisão à unidade do País. Ele ganharia politicamente. O Brasil também ganharia. Mas ele radicalizou. Achei que isso foi equivocado institucionalmente.
  • Ouso dizer que a polarização interessa tanto ao Bolsonaro quanto ao Lula. Se Lula radicaliza de um lado, dá chance ao Bolsonaro ficar na posição inversa. Talvez eles tenham isso em mente.
 
Acertou, Temer. Existe, sim, uma polarização. De um lado, a posição claramente de tendência fascista estampada na testa de Bolsonaro. Do outro lado, a posição progressista, de esquerda, que Lula carrega a vida toda. No dia em que entender isso, Temer poderá progredir. Será que Bolsonaro continuaria seu “seguidor”?
 
Estadão.
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