Andrónico Rodríguez é vice-presidente das seis Federações de Cocaleiros do Trópico de Cochabamba. E, um mês e meio após o golpe que tirou Evo Morales da presidência, ele lidera as pesquisas eleitorais na Bolívia.
Rodríguez, 30 anos, é considerado o sucessor de Morales entre os cocaleiros da região central do país e pertence ao mesmo partido, o Movimento Ao Socialismo (MAS). A data da próxima eleição ainda não está definida. Poderá ser em março de 2020 ou em 6 de agosto - que é Dia da Pátria, antiga data das posses na Bolívia.
O favorito Andrónico tem formação em Ciência Política e é uma das referências dos movimentos populares que protestam contra o governo da presidenta autoproclamada Jeanine Añez – um governo sangrento. Desde que ela assumiu o país, houve ao menos 25 assassinatos de opositores. Felizmente, para o povo boliviano, segundo a pesquisa do instituto Mercados y Muestras divulgada nesse domingo (22), o dirigente cocaleiro aparece com 23% das intenções de voto para presidente, dois pontos percentuais à frente de Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã (CC), que disputou as últimas eleições contra Morales. O empresário Luis Fernando Camacho, representante da extrema-direita (e que liderou o movimento golpista na região de Santa Cruz de La Sierra), tem 16%.
O MAS concordou com a disputa de novas eleições mesmo após a vitória de Morales em primeiro turno, em outubro. Desde o anúncio dos resultados, o país foi tomado por manifestantes que alegam ter havido fraude na apuração dos votos. A Organização dos Estados Americanos (OEA) realizou uma auditoria e disse que havia irregularidades, mas até hoje não explicou que fraude é essa nem qual seria o resultado correto das eleições. Morales está exilado na Argentina, onde tem denunciado a violência e o caráter racista do golpe que levou à posse de Áñez. Ele e vários ministros renunciaram a seus cargos após terem as casas incendiadas e familiares ameaçados de morte.
O candidato do MAS para as próximas eleições ainda não foi confirmado oficialmente. Andrónico é o favorito para assumir o posto, não só por liderar as pesquisas, mas por ter crescido sete pontos percentuais em menos de um mês.