Bolsonaro sentiu que o estilo “prendo, bato e arrebento” não estava dando certo. Estava criando mais problemas do que soluções. Em vez de dar medo, dava desprezo, vergonha, impeachment. Era nesse caminho sem saída que tentava avançar empurrando o Brasil de todos nós, que vendia como se fosse o melhor dos mundos, mas que na real estava dia após dia seguindo ladeira abaixo. Suas lives arrogantes à porta do Planalto serviam unicamente para manter ativa sua legião de puxa-sacos. Os que não são irremediavelmente puxa-sacos, na melhor das hipóteses, sentiam pena. As pesquisas certamente deram o sinal de alerta. E o sinal vermelho começou a piscar depois que o presidente da República resolveu ofender e humilhar até representantes da imprensa! As sirenes juntaram-se aos sinais vermelhos e dispararam quando o cerco da justiça começou a apertar os seus Filhos, com o Queiroz insinuando-se ameaçadoramente pelas ruas das cidades. A morte de Marielle voltou a ganhar destaque.
Ontem, 21/dez, à porta do Planalto, Bolsonaro era retrato fiel dos coitadinhos do nosso país. Falando cabisbaixo, vestindo a camisa do Flamengo (que jogaria logo mais), era o arremedo de um presidente da República. Reclamava da quebra do “segredo de justiça”. Acusava os promotores da Justiça de vazar informações e de julgar, simultaneamente (“Quem é que julga, o MP ou o juiz? Os caras vazam e julgam”). Pergunta também qual o motivo do estardalhaço: “O estardalhaço é porque falta materialidade e o que sobra é a desgraça humana? Quem está feliz com essa exposição absurda na mídia?”
Ninguém está feliz, presidente Jair Bolsonaro. Eu não estou, a apresentadora do telejornal que está no ar não está feliz, a moça da padaria ensacando o pão nosso de cada dia também não, a vovó mais ousada que pega carona na moto do neto, o porteiro que acordou à 3h para ter condições de atender moradores e visitantes a partir das 6h, ninguém, ninguém, ninguém está contente. Não estamos contentes com os rumos do país, não estamos contentes com a arrogância, com as notícias escandalosas associadas ao presidente e seus filhos. Não estamos contentes com nada que emana do Palácio do Planalto. Não estamos contentes com a economia de Paulo Guedes, não estamos contentes com a (falta de) educação do Weintraub, nãos estamos contentes com a sombra dos Filhos (teleguiados pelo astrólogo de Virgínia), não estamos contentes com nada disso. Por favor, entenda – taoquei?