20/12/2019 às 06h56min - Atualizada em 20/12/2019 às 06h56min

PROMOTORIA ACUSA FLÁVIO:

USOU ATÉ CHOCOLATE PARA LAVAR

 
É o Ministério Público do Rio de Janeiro que afirma: o Filho Flávio (senador Flávio Bolsonaro) lavou até R$ 2,3 milhões com transações imobiliárias e com sua loja de chocolates em um shopping da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.
Houve movimentação de grande quantidade de dinheiro vivo. E, para a Promotoria, a origem seria o esquema de “rachadinha” no antigo gabinete do senador na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) – esquema que seria operado por Fabrício Queiroz, seu ex-assessor. A “rachadinha” consiste em coagir servidores dos gabinetes a devolver parte do salário para os parlamentares.
A lavagem de dinheiro daria ares de legalidade ao dinheiro vivo ilegal no patrimônio do senador e de sua loja (50% da sociedade). Além de lavagem de dinheiro, a Promotoria investiga a prática de crimes como peculato, ocultação de patrimônio e organização criminosa.
 
O Filho mais velho de Jair Bolsonaro nega as irregularidades. E criticou o juiz Flávio Itabaiana, que conduz o caso, e os promotores responsáveis. O presidente da República disse não ter “nada a ver” com a investigação.
O Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) diz que a maior parte da lavagem se deu na franquia da Kopenhagen de Flávio, no Shopping Via Parque.
O dinheiro vivo na conta da empresa era muito maior, comparado com negócios semelhantes, afirma o MP-RJ. E os investigadores afirmam também que as entradas de recursos em dinheiro coincidiam com as datas em que Queiroz arrecadava parte dos salários dos empregados do então deputado estadual.
 
Diz o Ministério Público que o que foi lavado na loja pode chegar a R$ 1,6 milhão entre 2015 e 2018. Os depósitos de dinheiro vivo nas contas do estabelecimento teriam o objetivo de “esquentar” os valores obtidos ilegalmente. Poderiam simular vendas fictícias feitas pela empresa, dando aparência legal ao recebimento.
Desde que Flávio assumiu a franquia até 2018, os depósitos em dinheiro vivo foram equivalentes a cerca de 37,5% dos recebimentos por cartões de débito e crédito. De 2015 a 2017, esse percentual chegou a 41,8%. O Ministério Público diz que com o antigo proprietário da loja essa proporção era em torno de 20%.
O volume de créditos efetivos nas contas superou em 25% o faturamento auferido pelos fiscais do shopping de 2015 a 2018. Em valores absolutos, a diferença chega a R$ 1,6 milhão.
“Pelo confronto entre os valores creditados na conta corrente da empresa e o real faturamento da loja informado pela administração do shopping, é possível apurar a divergência de valores que corresponde aos recursos de origem ilícita inseridos artificialmente no patrimônio da empresa”, declararam os promotores responsáveis.
 
Há outros casos de espertezas desse tipo, segundo a Promotoria. Ao contrário da música cantada por Tim Maia, aparentemente o Filho não queria só chocolate...

Folha

 
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