16/12/2019 às 16h54min - Atualizada em 16/12/2019 às 16h54min

​USAR SÍMBOLO NAZISTA É CRIME

PMS QUE NÃO CUMPRIRAM A LEI SÃO INVESTIGADOS

O que leva um homem a sair de casa, sábado à noite, com uma braçadeira da suástica, símbolo nazista, sentar em um bar e beber como se nada estivesse acontecendo? Provocar uma confusão? Afrontar a lei? O fato aconteceu no Booteco Bar e Restaurante, em Unaí, município da região Noroeste de Minas Gerais. Indignado, um cliente ligou para o 190 e denunciou o crime. Dois policiais do 28º Batalhão foram até o local. As imagens que viralizaram na internet mostram que eles não cumpriram a lei.
O que se vê é um homem vestindo calça e camisa e usando, no braço esquerdo, uma faixa com a suástica, cruz adotada como emblema oficial do 3º Reich e do Partido Nacional-Socialista alemão. Usar símbolos nazistas é crime segundo o Art 20, § 1º, da Lei 7.716/89, alterada pela Lei 9.459/97 que especifica: "fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo". A pena prevista é de um a três anos de prisão e multa.
A Polícia Militar de MG confirmou que eles foram ao Booteco, mas no "entendimento inicial dos policiais militares, pelas circunstâncias no local, foi de que o uso da faixa não se enquadrava no verbo VEICULAR, e nem nos demais verbos do tipo legal previsto, citado anteriormente".
A nota diz, ainda, que os agentes orientaram o homem a retirar a braçadeira para "evitar problemas de segurança que poderiam advir em razão da indignação de outras pessoas presentes”. Na imagens, quem está conversando com o homem da braçadeira é um funcionário do bar. Mesmo assim, a PM informa que foi aberta uma investigação. “Está sendo instaurado procedimento administrativo para apurar a conduta dos dois policiais ante o caso, especialmente para verificar o protocolo de atendimento adotado no caso concreto, diz a nota oficial. Pelo Facebook, o bar também se manifestou: “Nós do Booteco prezamos pela vida; não damos suporte à discriminação. E qualquer tipo de violência contra qualquer ser humano será por nós reprimida”. A nota finaliza afirmando que tudo foi resolvido dentro da lei. O que ainda não foi explicado é quem foi o homem que andou tranquilamente com uma braçadeira da suástica pelas ruas de Unaí. Como as autoridades não falam, as notícias que circulam pela internet afirmam que o homem é de uma tradicional família da região e com muito dinheiro. 
Em 2004, Unaí foi destaque no cenário nacional através do assassinato de três auditores fiscais do trabalho e do motorista deles. Os assassinos e mandantes já foram condenados, mas até o fim de julho de 2019, não estavam presos. Fazendeiros ricos e poderosos da região armaram uma emboscada contra os funcionários públicos que investigavam trabalho escravo no Brasil. Depois da Chacina de Unaí, 28 de janeiro passou a ser o Dia do Auditor Fiscal do Trabalho e Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo. O mais grave é que esses que se acham “senhores de engenho do passado” estão andando por aí afrontando a lei, e nada acontece.
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