Bolsonaro resolveu aproveitar a manhã de tempo bom em Brasília, dia 16 de dezembro, para lançar suas nuvens negras. Primeiro, decidiu não renovar o contrato do MEC com a TV Escola. Será que escola tem “assento”, Bolsonaro? Não importa que motivo real ele tem, a justificativa é de que seria "dinheiro jogado fora".
Ele ainda aproveitou uma nuvem passageira para chamar o educador Paulo Freire de “energúmeno”, que, segundo o Priberam, trata-se de pessoa dominada pelo demônio, possessa. Ou de pessoa que, dominada pela paixão, tem atitudes ou comportamentos excessivos. Pode ser fanático, intolerante. Pode ser boçal. (nada disso lembra Paulo Freire, mas lembra alguém bem familiar...)
Inspirado, disse textualmente: “Queriam renovar o contrato da TV Escola, 300 milhões. Dinheiro jogado fora”. Mais inspirado, defendeu-se de críticas da classe artística sobre sua gestão na área cultural, que teve diversas nomeações polêmicas. “Dizem que eu quero acabar com a cultura. Esse tipo de cultura vai acabar mesmo”. Mas não esclareceu qual foi o tipo de cultura que lhe deu origem.
O valor do contrato entre a Associação Roquette Pinto (ARP), que gerencia o canal, e o MEC era variável. O custo previsto para 2019 era de R$ 70 milhões, mas foi reduzido para R$ 42 milhões. Uma redução que faz sentido, já que, desde a última semana, a emissora passou a transmitir uma série sobre a história do Brasil com entrevistas do astrólogo Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.
Além de não renovar o contrato de gestão com a ARP, o ministro da Educação, Abraham Weintraub (que significa “uva”, em alemão), determinou despejo da TV Escola das dependências do MEC - uma sala no 9º andar do prédio. O argumento foi a necessidade de uma reforma no espaço. A associação tentou na Justiça, em 29 de novembro, um prazo maior para efetuar a mudança, mas a Justiça derrubou liminar na quinta-feira (12). A Roquette Pinto tentou "inúmeros contatos com assessores do Ministério e com o próprio ministro no sentido de solicitar uma prorrogação do prazo para a desocupação a fim de poder achar um local adequado. Não recebeu nenhuma resposta". A associação reúne 369 funcionários, sendo que cerca de 200 deles atuam na TV Escola.
A TV Escola existe desde 1995 com conteúdo educacional voltado para professores e estudantes. É responsável, por exemplo, pela transmissão da Hora do Enem, com conteúdo de preparação para o exame.
O que se pode concluir de tudo isso é que Bolsonaro garante mais uma nota zero para seu desempemho. Faz um governo cada vez mais reprovado.