05/12/2019 às 10h52min - Atualizada em 05/12/2019 às 10h52min

POLÊMICA NA FLIP:

QUEM APOIOU A DITADURA PODE GANHAR PRÊMIO?


É a primeira vez que isso acontece em seus 18 anos de existência – a FLIP (Festa Internacional Literária de Paraty) vai homenagear um nome estrangeiro - Elizabeth Bishop (1911-1979), escritora americana. Mas a grande polêmica não está em torno do fato de ser estrangeira – afinal, ela morou aqui no Brasil por mais de 20 anos. As críticas são pelo fato de ela ter apoiado a ditadura militar brasileira.
Saímos da literatura para entrar na política - e a questão deixa de ser simples. Por exemplo, se Mein Kampf, de Adolf Hitler, fosse um livro literariamente excepcional, poderia levar prêmio da FLIP? Embora não tenha chegado ao mesmo nível nazista, a ditadura brasileira foi torturante, um atentado contra a humanidade. Ana Luisa Areias diz em sua resenha que “a 'bíblia nazista’ faz com que muitas pessoas sejam convencidas de tais ideias. Ela teve muito impacto no mundo todo em diversas épocas. E esses impactos não são bons, o que nos lembra que ideias inteligentes podem ser terríveis e é exatamente isso que faz com que a venda do Mein Kampf seja proibida em diversos países”.
Alô, FLIP, essas questões precisam ficar bem claras. Afinal, os premiados nos anos anteriores foram Vinicius de Moraes (2003), Guimarães Rosa (2004), Clarice Lispector (2005), Jorge Amado (2006), Nelson Rodrigues (2007), Machado de Assis (2008), Manuel Bandeira (2009), Gilberto Freyre (2010), Oswald de Andrade (2011), Carlos Drummond de Andrade (2012), Graciliano Ramos (2013), Millôr Fernandes (2014), Mário de Andrade (2015), Ana Cristina Cesar (2016), Lima Barreto (2017), Hilda Hilst (2018) e Euclides da Cunha (2019).
Sem polêmica, certo?

 
O Globo
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