20/11/2019 às 06h53min - Atualizada em 20/11/2019 às 06h53min

INDICADORES EM UMA SÓ DIREÇÃO:

MORO INTERFERIU NA ELEIÇÃO!


Em artigo publicado nesta quarta-feira, dia 20, o jornalista Elio Gaspari reforçou a suspeita de que Sergio Moro teria usado o cargo para favorecer a vitória de Jair Bolsonaro, mesmo antes do segundo turno das eleições presidenciais, logo depois de ter sido sondado para o cargo de ministro da Justiça. Diz ele: "Houve um certo sincronismo entre os vazamentos da delação de Palocci e a campanha eleitoral. Moro determinou prisão de Lula no início de maio e semanas depois as confissões do ex-ministro começaram a pipocar".

Diz ainda que "Bolsonaro não falou com Moro durante a campanha, mas Guedes falou. Moro, por sua vez, informou que 'caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão'”. Gaspari considera papo furado, porque o convite já havia sido feito. Para ele, "tudo seria o jogo jogado, se Moro não tivesse soltado o anexo da delação de Palocci seis dias antes do primeiro turno”.

Gustavo Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência e copiloto da campanha de Bolsonaro (“quando ela cabia numa kombi...”), contou ao repórter Fábio Pannunzio que Moro já estava convidado para o Ministério da Justiça antes que as urnas do segundo turno começassem a ser apuradas.
Mais: na tarde de 28 de outubro, o “Posto Ipiranga” Paulo Guedes revelou-lhe que havia conversado com o juiz “cinco ou seis vezes”.

Elio Gaspari acrescenta, com humor impecável, que “talvez o mistério da conexão de Moro com a campanha de Jair Bolsonaro pudesse ser desvendado se os envolvidos ralassem nos métodos da Lava Jato: condução coercitiva, prisão preventiva interminável e oferta de delação premiada. Não é o caso”.

É interessante destacar também que diversas mensagens foram trocadas por procuradores da Lava Jato indicando que eles torciam pela derrota de Haddad na eleição. Uma doutora chegou a escrever: “Ando muito preocupada com uma possível volta do PT, mas tenho rezado muito para Deus iluminar nossa população para que um milagre nos salve”.
O “milagre” aconteceu. Surpreendentemente, apenas seis dias antes do primeiro turno da eleição 2018, Moro divulgou um dos anexos da colaboração do ex-ministro petista Antonio Palocci. Eram apenas acusações vagas que até hoje não deram em nada. Ou, talvez seja o caso de dizer, deram em tudo.

O curioso é que a oferta de delação de Palocci já tinha sido recusada pelo Ministério Público e o próprio Moro havia duvidado de sua consistência. Segundo o procurador Carlos Fernando de Souza: “Não tinha provas suficientes. Não tinha bons caminhos investigativos”. Mas a jogada avançou. Doze dias depois do primeiro turno e 11 dias antes do segundo, a revista eletrônica Crusoé informou: “Sergio Moro aceitou ser ministro do governo Jair Bolsonaro”.
No dia seguinte, circulou a notícia de que Moro aceitaria ser nomeado para o Supremo Tribunal Federal. Mais tarde, ele mesmo revelaria que no dia 23 de outubro (cinco dias antes do segundo turno) foi sondado por Paulo Guedes para entrar no governo.

No primeiro dia do segundo turno, Guedes revelou a Bebianno que Moro havia sido convidado. No dia seguinte Bolsonaro fez que não sabia de nada: “Pretendo conversar com ele para ver se há interesse da parte dele. Se eu tivesse falado isso antes, soaria como oportunismo”.

Bolsonaro não falou com Moro durante a campanha, mas Guedes falou. Moro, por sua vez, informou que “caso efetivado oportunamente o convite, será objeto de ponderada discussão e reflexão”. Conversa pra boi roncar, porque o convite já tinha sido feito.
Nessa conversa fiada a única voz sincera teria sido a do general Mourão: “Isso já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”. Esse contato teria acontecido semanas antes.
“Quantas semanas?”, pergunta-se Gaspari. “Se foram duas, as conversas se deram entre os dois turnos. Se foram três, podem ter acontecido antes do primeiro turno. Aquilo que Bebianno chamou de ‘conversas’ não podem ser tomadas como convites. Foram sondagens bem sucedidas. Como teriam sido cinco ou seis, a alma da manobra está na data da primeira.”

E Elio Gaspari conclui: “Tudo seria o jogo jogado se Moro não tivesse soltado o anexo da delação de Palocci seis dias antes do primeiro turno”.

Brasil247.
Folha.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Daqui&Dali Publicidade 1200x90