16/11/2019 às 09h29min - Atualizada em 16/11/2019 às 09h29min

ÉLCIO FOI 12 VEZES AO CONDOMÍNIO DE BOLSONARO

UMA DAS VEZES FOI DIFERENTE

 

Cada dia surgem mais detalhes sobre os assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Reportagem da Folha deste sábado, 16, destaca que, de janeiro a outubro do ano passado, o ex-policial militar Élcio Queiroz, acusado de participação nos assassinatos, entrou pelo menos 12 vezes no condomínio Vivendas da Barra — a vereadora do PSOL foi morta em março.
 
As planilhas de controle de acesso apreendidas pela Polícia Civil e analisadas pela Folha, indicam que, em 11 dessas visitas, Élcio dirigiu-se à casa 65, de Ronnie Lessa, policial militar aposentado também acusado e preso pelo crime.
A exceção foi na entrada no dia do crime, 14 de março, quando a planilha manuscrita indica que a autorização de acesso na portaria foi dada por alguém da casa 58, onde vivia o então deputado federal - e atual presidente - Jair Bolsonaro.
 
A menção ao imóvel do presidente passou a ser alvo da averiguação no mês passado, quando um dos porteiros declarou à polícia que o ex-PM Élcio entrou no condomínio naquele dia após autorização do “seu Jair”, da casa 58.
A citação a Bolsonaro foi considerada equivocada na investigação, porque, no dia do crime, ele estava na Câmara, em Brasília. Além disso, perícia do Ministério Público em gravação da portaria apontou que quem autorizou a entrada de Élcio naquele dia foi Ronnie Lessa.
Tanto Élcio como Ronnie, presos, afirmaram na Justiça que são amigos de duas décadas e frequentam um a casa do outro.

As tabelas de controle de acesso ao condomínio têm colunas para que os porteiros indiquem as seguintes informações sobre o visitante: nome, modelo, cor e placa do veículo, casa de destino, horário de entrada e de saída, identidade e de quem foi a autorização para que o visitante pudesse entrar.
Élcio entrou com o Logan de placa AGH 8202, em nome de sua mulher, e se apresentou com o documento de identidade da PM (de onde foi expulso em 2015). Dos 12 acessos de Élcio, de janeiro a outubro de 2018, 3 ocorreram antes do crime, nos dias 11, 15 e 18 de fevereiro. As planilhas apontam como destino a casa 65. Outras oito entradas ocorreram após o assassinato de Marielle. A primeira delas, cinco dias após o crime, no dia 19. A segunda, em 14 de abril. Em maio, foram três visitas a Ronnie, segundo as planilhas: nos dias 16, 26 e 29. Há dois acessos em junho (9 e 11) e outro no dia 6 de outubro.
 
Além do destino, há outra diferença entre os 11 registros de entrada de Élcio à casa de Ronnie: o registro do dia do crime é o único que aponta como destino a antiga residência de Bolsonaro.
É tudo muito estranho. A promotoria, claro, logo recolheu o computador da administração do condomínio, com o objetivo de analisar se houve alguma alteração no sistema de gravação de chamadas entre a portaria e as casas do local.
Mas a Folha revelou que a perícia da Promotoria não avaliou a possibilidade de algum arquivo ter sido apagado ou renomeado antes de ser entregue às autoridades. Ela tinha como único objetivo instruir a ação penal contra os acusados de matar Marielle e Anderson, provando o encontro dos dois réus.
 
Paralelamente, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar possíveis delitos de obstrução de Justiça, falso testemunho e denunciação caluniosa pelo porteiro contra Bolsonaro – algo difícil de imaginar, mas que, obviamente, tem que ser investigado.
Bolsonaro procurou politizar o depoimento do porteiro, alegando influência do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), na condução do inquérito. Foram aliados na última eleição, mas a família presidencial rompeu a aliança há dois meses.
 
A investigação foi iniciada logo após o assassinato, mas, para o delegado Giniton Lages, ela teve falhas. Giniton foi o responsável pelo inquérito até março deste ano, quando Ronnie e Élcio foram presos.
As falhas atrasaram a identificação dos acusados do crime e ocorreram na coleta e análise de imagens para identificar o trajeto feito pelo carro usado pelos assassinos. Isso impediu que a polícia pudesse determinar se o veículo saiu ou não do condomínio Vivendas da Barra.
 
1º erro
Os policiais coletaram imagens da região do quebra-mar dias após o crime, em março de 2018... mas não identificaram o carro dos suspeitos porque usaram um programa incompatível para visualizá-las!!!. Como assim?
Desfecho
Eles só perceberam e corrigiram o erro 7 meses depois (!!!), em outubro, após denúncia anônima!!!
 
2º erro
Como não haviam identificado o carro no quebra-mar em março de 2018, os investigadores não colheram imagens dessa área!!! Em outubro, já era tarde demais e nenhum condomínio da orla havia guardado seus arquivos.
Desfecho
Eles só descobriram que Élcio encontrou Lessa em seu condomínio um ano depois, após obterem dados dos telefones dos acusados!!!
 
Daqui pra frente, só Deus sabe...
 
Folha.
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