09/11/2019 às 14h57min - Atualizada em 09/11/2019 às 14h57min

​FERNANDEZ EM EL GRUPO DE PUEBLA

“ESTOY FELIZ DE VER A LULA LIBRE”

 

O Grupo de Puebla é a aliança de líderes de esquerda, que está se reunindo na Argentina. O primeiro encontro foi em Puebla, no México, em julho deste ano. O objetivo do "Grupo Progressista Latino-Americano" é servir como um "espaço de reflexão e intercâmbio político" na América Latina, para "analisar desafios comuns e desenhar iniciativas conjuntas, em busca do desenvolvimento integral de nossos povos".

É uma nova aliança "progressista" nascida da necessidade de conter o avanço da "nova onda de governos neoliberais" na região. Sabiamente, tiram os rótulos “anti-imperialista” e “socialista” que estavam presentes no Foro de São Paulo, para poder ampliar suas ações de resistência ao fascismo que busca se implantar em nossa América. Na verdade, uma defesa contra os ataques fascistas.

O grupo é formado por cerca de 30 líderes políticos de 12 países, de forma individual, e não por partidos ou organizações. Não há representantes de Cuba, da Venezuela ou da Bolívia, mas obviamente conta com seus apoios. Pelo Brasil, participam Fernando Haddad, Aloizio Mercadante, Dilma e Lula.

Novo Foro de São Paulo?
Há uma diferença importante. A articulação para a criação do Foro de São Paulo foi feita por partidos de esquerda da América Latina que não estavam no poder naquele momento (com exceção do Partido Comunista de Cuba). O Grupo de Puebla foi formado por lideranças que estão ou estiveram no poder, como esclarece Vinicius Vieira, professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele ainda destaca uma diferença que, segundo ele, seria bem relevante: “O Grupo de Puebla tem, potencialmente, mais força, e ao mesmo tempo, mais moderação".

O que querem, na verdade, é se afastar de alguns rótulos da esquerda latino-americana e se identificarem como "progressistas", além de reforçar a sua oposição ao "neoliberalismo". Com isso, acreditam que podem mais facilmente "conquistar corações e mentes". Vinicius Vieira destaca que os termos "direita" e "neoliberal" são rejeitados por muitas pessoas em boa parte dos países da região. "Especialmente na Argentina, dizer que tal político é neoliberal, direitista ou conservador soa como um xingamento. Isso ajuda a criar uma imagem negativa". Ao mesmo tempo, o grupo se afasta do rótulo "esquerda", que nos últimos anos passou a ser associado à corrupção, má administração, recessão econômica e a líderes como Hugo Chávez e Nicolás Maduro que ficaram estigmatizados negativamente, dizem eles. "O termo 'progressista' dá um verniz mais de centro. Ou seja, eles procuram vender a sua agenda, mas sem se declarar como esquerda", diz Vinicius Vieira, que acrescenta um comentário importante: "O caráter do grupo é claramente de contraponto a essa onda liberal da América Latina - que não parece ser uma onda tão forte. Mas, ainda assim, a esquerda está se articulando de modo a galgar novos espaços".

Há a busca de certo pragmatismo para conquistar corações e mentes, afastando-se de Chávez e Maduro, mostrando o Grupo de Puebla em contraposição ao Grupo de Lima - formado em 2017 por chanceleres de países das Américas, inclusive o  Brasil de Bolsonaro, para “abordar a crise venezuelana e buscar soluções para a restauração da democracia no país”, que, na verdade, apontavam para a queda de Maduro e Morales.

Para a cientista política Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais na ESPM, "um grande objetivo do grupo é fazer uma aliança entre esses líderes para se contrapor ao discurso mais conservador e especialmente aos contrários à Venezuela e aos regimes mais à esquerda da América Latina".

É bom destacar que, em 11 de setembro, o Grupo de Puebla emitiu um comunicado colocando-se contra "qualquer tentativa de uso da força que viole o princípio de solução pacífica de controvérsias ou que permita uma intervenção militar na Venezuela por parte de forças estrangeiras, incluindo a invocação do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), instrumento arcaico para intervenções militares em países da América Latina durante a Guerra Fria".

O TIAR, de fato, é uma espécie de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) do continente americano e os países membros aprovaram em setembro a ativação do TIAR para intervir na Venezuela. Reza pela cartilha de nomes como Trump e Bolsonaro.

Holzhacker destaca que “não é que eles estejam apoiando o regime de Maduro, mas também não apoiam a forma como o Grupo de Lima tem tratado a questão, impondo uma solução”. A proposta do Grupo de Puebla é construir e negociar uma solução entre todas as partes", afirma Holzhacker.

O TIAR não deve ser visto como um grupo de ação, na opinião da pesquisadora, mas um "grupo de concertação entre líderes para formar uma visão e apoiar uma forma política". Ela lembrou que a esquerda latino-americana historicamente tem posição de atuação conjunta e de debates, e que a reunião de lideranças, e não de organizações, é algo novo na região. "Não é o que tradicionalmente se fazia ao longo da história", disse."

Os participantes convocados para a reunião em Buenos Aires incluem os ex-presidentes Dilma Rousseff (Brasil), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai), José Mujica (Uruguai), Ernesto Samper (Colômbia), Leonel Fernández (República Dominicana) e o ex-mandatário espanhol José Luis Rodríguez Zapatero.

Vamos torcer para que dê certo, consiga frear o avanço fascista de Trump e seus subordinados.

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