Diariamente, Bolsonaro deve se olhar no seu espelho mágico e indagar: “Espelho, espelho meu, por que Lula é tão melhor do que eu?” E o espelho, sábio, responde com sentimentos que variam entre pena, raiva, desprezo e bom português: “Te enxerga, Bolsonaro! Não tenta ser o que jamais serás!”
Ontem, no Planalto, desde cedo Bolsonaro, com certeza, trancou-se no salão ovalado que reservou para o dia que Trump vier visitá-lo. Queria ter o direito de assistir sozinho a saída de Lula da prisão, longe das câmeras – que aliás estavam todas sendo usadas na cobertura de Lula Livre! –, para ter o prazer de tentar descobrir o segredo da popularidade que esse maldito ex-torneiro mecânico tem. A cada imagem nova, os olhos de Bolsonaro arregalavam-se. Nunca viu nada igual, nem mesmo com o cenário das facadas. Não era apenas a família. Não eram apenas os advogados. Não eram apenas os amigos. Não eram apenas os petistas. Não eram apenas os esquerdistas. Não eram apenas os policiais. Não era apenas o mundo inteiro. Lula transformou-se em uma “unanimidade unânime”!
O que Bolsonaro assistiu ontem foram cenas raramente vistas. Foi a justiça justa, a justiça popular, a justiça irradiante mostrando aquele ex-preso, eterno metalúrgico, assumindo o comando, dando um discurso-show, diante do qual todos se curvavam. Esse é o Brasil brasileiro, Jair, que ergue sua voz sem medo de gravações clandestinas. Diante desse quadro, obra prima da política nacional, só lhe resta pegar o quepe e partir disparado em direção oposta. Quanto mais cedo, melhor. Para você e para o Brasil.
Lula é nosso, é de todo esse país. Você é de quem mesmo?