Esse governo é mesmo uma piada. De mau gosto. Sempre que pode, brinca com o povo. Depois de Bolsonaro ameaçar a Ancine (Agência Nacional de Cinema) de censura ou privatização, o ministério da Cultura (!) lança na prova do Enem desse domingo, 03, o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Estava na cara que queria criar polêmica e defender sua “política cultural”. Mas ao ser questionado sobre a falta do tema “ditadura”, sempre presente nos últimos dez anos, sabe o que respondeu o ministro da Educação, Abraham Weintraub? 'Enem não é para polemizar', foi isso mesmo que ele disse. O objetivo, concluiu, “não é dividir, nem polemizar, nem doutrinar”.
Ora, ministro da... Cultura! Até a paideia (educação, ética) dos gregos antigos é mais contemporânea. Seja honesto e reconheça que o que fez foi exatamente procurar dividir, polemizar e doutrinar... a seu favor, claro. E o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Alexandre Lopes, viram sua declaração? Disse que a prova buscou cobrir toda a base curricular do Ensino Médio sem gerar polêmicas. Ora, senhor Alexandre Lopes, toda polêmica é bem-vinda. Principalmente para valorizar o ensino. Aliás, a pessoa que deu nome ao instituto sob sua presidência, Anísio Teixeira, foi o inventor da escola pública no Brasil, foi quem propôs e executou medidas para democratizar o ensino brasileiro e defendeu a experiência do aluno como base do aprendizado. Será que os senhores não se sentem envergonhados quando leem suas próprias declarações?
