A semana política está longe de acabar para o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro. Depois de brigas, insultos, derrotas do presidente, filhos e aliados na queda de braço com a direção do partido, a crise do PSL tem tudo para ser ampliada após a reunião da executiva nacional convocada para o final da tarde dessa sexta-feira, 18 de outubro, em Brasília. O encontro pretende oficializar a deposição do deputado federal Eduardo Bolsonaro, da presidência do PSL-São Paulo e do senador Flavio Bolsonaro do mesmo cargo no Rio de Janeiro.
A ala bolsonarista sofreu mais cinco baixas com a suspensão dos deputados federais Carla Zambelli (PSL-SP), Bibo Nunes (PSL-RS), Ale Silva (PSL-MG), Felipe Barros (PSL-PR) e Carlos Jordy (PSL-RJ). Eles assinaram a lista para a queda do líder do partido na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO). Anunciaram até o novo líder, Eduardo Bolsonaro. O troca-troca não resistiu a uma conferência das listas. A turma do presidente Luciano Bivar saiu vencedora e o Delegado Waldir continua no cargo e “atirando”. Hoje, ele reafirmou a “vagabundagem” de Bolsonaro e disse que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, sofre retaliações no governo.
Apesar do presidente Luciano Bivar ter convocado a reunião da executiva nacional na semana passada, os aliados de Bolsonaro e família querem anular o encontro alegando que não foram comunicados. “Tem um artigo no estatuto que diz que nós teríamos que ser chamados individualmente. No estatuto diz que qualquer reunião da Executiva, as pessoas detentoras de mandato têm que ter formalizado um convite. E não formalizaram esse convite, somente publicaram no Diário da União. Vamos ver a possibilidade de tornar nula essa convenção", disse Zambelli. Até a decisão definitiva, os parlamentares não podem mais assinar listas para trocar a liderança do partido da Câmara. "Nós não temos pressa com nada. Nem para praticar injustiça. Mas nada disso vai ser feito no afogadilho, não é para dar resposta numa briga. Estamos tentando serenar os ânimos, afirma o senador Major Olímpio( PSL-SP). "É mais uma demonstração de que o partido está sob uma liderança autoritária e incompetente, que atua de forma arbitrária. Isso resume um sujeito como este (Delegado Waldir), que se porta como um ditador. Está claro quem surfou na onda das últimas eleições e quem está fiel aos ideais do nosso comandante", disse Jordy.
A briga pela disputa do poder no PSL está até causando uma ação inédita na Câmara de Deputados. Aliados do presidente Luciano Bivar decidiram, nessa sexta-feira, entrar com uma representação no Conselho de Ética contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ). Ele admitiu que como “infiltrado” de Eduardo Bolsonaro gravou a reunião da bancada quando o líder Delegado Waldir chamou de “vagabundo” e ainda prometeu “implodir” o presidente Jair Bolsonaro. Em 2018, durante a campanha eleitoral, Daniel e o atual deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ) quebraram a placa em homenagem à vereadora do PSOL, Marielle Franco, assassinada em abril do ano passado. Os dois parlamentares continuam “atuando” juntos e enfrentando problemas. Na semana passada, tentaram dar uma “blitz” nas sede do Colégio Pedro II, um dos mais tradicionais do Brasil. O reitor, estudantes e professores rechaçaram os deputados pela ilegalidade. A Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vai analisar se abre ou não uma sindicância sobre essa ida do deputado Rodrigo Amorim (PSL) ao Colégio Pedro II. A decisão para o encaminhamento do caso ao Conselho de Ética foi da Mesa Diretora e publicada no Diário Oficial desta sexta-feira.
Enquanto isso, o Brasil e o mundo querem saber: quem mandou matar Marielle?