14/10/2019 às 06h19min - Atualizada em 14/10/2019 às 06h19min

OS DOIS LADOS DO EQUADOR:

OU CAÍA O PREÇO DO COMBUSTÍVEL OU CAÍA O PRESIDENTE

Manifestantes comemoram em Quito revogação de decreto que causou aumento nos preços dos combustíveis — Foto: Martin Bernetti / AFP Photo

Manifestantes comemoram em Quito revogação de decreto que causou aumento nos preços dos combustíveis — Foto: Martin Bernetti / AFP Photo


O governo equatoriano de Lenín Moreno teve que ceder ao povo nas ruas e revogou o decreto que acabava com o subsídio aos combustíveis.
A alta tinha sido de até 123%! O povo disse “não!” e foi para as ruas. Foram realizados atos nas principais cidades. Moreno foi conversar com os líderes indígenas e uma hora depois acabou decidindo pela substituição do decreto da alta dos preços.

Moreno foi pressionado pelo líder indígena Jaime Vargas, que disse que o grupo não continuaria conversando e seguiria os protestos de rua caso o decreto não caísse.
"Aprendi a amar os indígenas quando era pequeno, sempre admirei sua sabedoria e respeito sua cultura", disse Moreno.

A retirada dos subsídios que são dados aos combustíveis era parte de um pacote de ajustes para cumprir as metas determinadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) ao Equador que tinha pedido empréstimo de US$ 4,2 bilhões.
 
Os indígenas exigiram a derrubada do decreto que retirava o benefício como condição para continuar conversando. O governo primeiro disse que não o anularia e ofereceu outras medidas para amenizar os efeitos do aumento. Disse que "poderia rever" partes do decreto e acabou cedendo às manifestações.
No início das conversas deste domingo, Moreno afirmou que "os mais ricos e os traficantes de gasolina" eram os que mais se beneficiavam do subsídio aos combustíveis. "Se isso também está afetando os mais humildes, temos que dialogar. Mas não é justo que esses grupos poderosos fiquem ainda mais poderosos com o subsídio", disse.
 
Representando os manifestantes, Jaime Vargas, presidente da CONAIE (Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador) declarou que "foram violados direitos humanos e artigos da Constituição". "Pedimos que isso seja incluído nessa discussão."
Mais tarde, o mediador do encontro perguntou a Vargas se aceitaria integrar uma comissão de trabalho pela paz. Ele respondeu que não tinha sentado ali para entrar em comissões, e sim para convencer Moreno a voltar atrás sobre os combustíveis: "Basta derrubar o decreto que acabam as manifestações. Senão, continuaremos mobilizados."
O começo do dia em Quito foi de cidade deserta, devido à ampliação do número de militares e ao toque de recolher imposto na véspera. A medida vigoraria até as 15h de domingo. Depois, foi estendida até as 5h desta segunda (14).

No domingo, as estradas para entrar na cidade ou sair dela estavam fechadas, e era necessário obter permissão para atravessar os bloqueios montados pelos militares.
Todos os voos internacionais foram cancelados, e turistas tiveram de prolongar a sua estada.

Segundo a Defensoria do Povo, o número de mortos na repressão subiu para 7, todos eles manifestantes.
 
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