10/10/2019 às 10h21min - Atualizada em 10/10/2019 às 10h21min

BOLSONARO TEM TUDO PARA IMITAR JÂNIO

MAS QUER SER ESTRUPÍCIO ATÉ O FIM

 

Bolsonaro é uma aberração da política. E pior: orgulha-se disso. Não tem nem mesmo aquele jeito esquisito e trôpego de Jânio. Parece péssimo até para imitar. Jânio passou 207 dias na presidência e Bolsonaro, infelizmente, já está há 247 dias. Jânio passou por 6 partidos (PDC, PTN, MDB, PTB, PSD, PRN). Bolsonaro também (PDC, PTB, PFL, PP, PSC, PSL), mas já pensa em um sétimo. Ou seja, a melhor parte na imitação de Jânio - que seria a renúncia - não teve continuidade. Pode ser que ele esteja apenas fazendo um showzinho particular para endurecer nas negociações com o PSL. Além de ser uma aberração política, é extremamente cara de pau: disse na terça-feira (dia 8) que não pode ser acusado de ter usado caixa 2 na eleição do ano passado, porque nem mesmo fez campanha e estava “acamado” por ter sido atacado a faca. Oquei, deve ter mudado para caixa 3. Ou caixa Q.
 
Na avaliação do cientista político Jairo Nicolau (citado por Miriam Leitão), Bolsonaro está fazendo um movimento irracional da perspectiva das suas ambições políticas. Saindo do PSL ele abre mão da bancada, do fundo eleitoral e de horário de televisão nas próximas eleições municipais, momento que seria estratégico para o partido.
— Seria a hora mais lógica de ele consolidar o partido de extrema-direita para apoiar seu projeto. O PSL terá um volume grande de recursos através dos fundos eleitorais, mais de R$ 300 milhões. E para uma eleição municipal será necessário ter tempo de TV e dinheiro.

Há dois modos de mudança partidária sem risco de perda do mandato. Primeiro, se for criada uma nova legenda. Segundo, se ocorrer na próxima janela partidária, seis meses antes das eleições, o que só ocorrerá em 2022. Outros partidos novos não terão recursos, porque o dinheiro é distribuído conforme o número de parlamentares que elegeu na última eleição.
 
Pelo que Gustavo Bebianno (que atuou diretamente na campanha bolsonarista de 2018) lembrou em entrevista, o que está em jogo é o controle efetivo do PSL. Na campanha, Bebianno assumiu controle total em nome de Bolsonaro. Nem os Filhos se meteram. Mas agora o quadro é outro. O PSL não é mais aquele nanico que deu graças a Deus quando foi escolhido para ser a sigla de Bolsonaro na campanha presidencial. Hoje, é o quarto maior partido na Câmara e tem cerca de 240 mil filiados. As negociações ganharam outros contornos. Os filhos obviamente querem ter poder total, mas o custo disso é muito alto.
 
Definitivamente, Bolsonaro poderia aproveitar o momento para imitar Jânio, é ou não é?
 
 
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