A esquerda dessa vez não dormiu no ponto. Resolveu reagir com firmeza à presença dos religiosos conservadores nos Conselhos Tutelares (órgãos responsáveis por zelar pelos direitos das crianças e dos adolescentes) – e fez imensa mobilização na promoção dos candidatos progressistas. E não é que deu certo! Pelo menos metade dos eleitos em São Paulo figuravam em listas na internet elaboradas por ativistas, movimentos sociais ou partidos políticos de esquerda. Até a manhã desta segunda-feira (7), 94% das urnas já tinham sido apuradas.
Houve problema em Pinheiros, Pirituba e Lajeado, que terão que ter novas eleições. Em Pinheiros, os mesários não apareceram, e a eleição foi invalidada. Em Pirituba e Lajeado, o número de candidatos nas urnas eletrônicas estava diferente do informado ao poder público. O erro será apurado, diz a prefeitura.
Também em 2015, a eleição foi suspensa por problemas com o sistema de votação eletrônica. Uma nova eleição foi convocada para o início do ano seguinte, dessa vez com cédulas em papel. Houve improviso e até caixas de sapato e de sabão em pó serviram de urnas.
Segundo a Folha, de 240 conselheiros com eleição confirmada na manhã desta segunda, a Folha identificou pelo menos 118 conselheiros eleitos das listas da esquerda. Houve mais eleitos apoiados pela esquerda em 24 dos 48 conselhos analisados. Em 11 deles, todos os eleitos estão nas listas de candidatos progressistas: Pedreira, Vila Prudente, São Rafael, Brasilândia, Lapa, Grajaú 2, Rio Pequeno, Guaianases, Sé, Vila Mariana e Ipiranga. Outros oito órgãos tiveram pelo menos quatro eleitos apoiados por grupos de esquerda: Bela Vista, Cidade Tiradentes 2, Santana, Capão Redondo, José Bonifácio, Capela do Socorro, Sacomã e Jaraguá.
Itaquera, Parelheiros, Butantã, Sapopemba e Jardim Helena, por sua vez, elegeram três conselheiros denominados progressistas. É verdade que alguns desses candidatos também apareciam em listas de candidatos ligados a igrejas evangélicas, que estavam listados no site Conselheiros do Bem. A página saiu do ar, o que impede o cálculo de quantos candidatos conservadores foram eleitos.
Os conselheiros tutelares terão mandatos de quatro anos (de 2020 a 2024) e receberão R$ 2.853 de salário. Ao todo, são cinco representantes em cada um dos 52 conselhos da cidade.
Os Conselhos Tutelares foram criados pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) em 1990 e são órgãos autônomos responsáveis por receber denúncias de violações de direitos e notificar o Ministério Público e o Judiciário, solicitar a troca de guarda familiar, fiscalizar e articular políticas públicas para menores, entre outras coisas. Apesar de autônomos, os Conselhos Tutelares são ligados às prefeituras (em São Paulo, estão na Secretaria Municipal de Direitos Humanos).
As eleições são organizadas pela prefeitura e, em São Paulo, são acompanhadas pelo Ministério Público e feitas com assessoria do Tribunal Regional Eleitoral (inclusive com urna eletrônica).
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