22/09/2019 às 08h37min - Atualizada em 22/09/2019 às 08h37min

BOLSONARO QUER FAZER O BRASIL DO BANG-BANG

IMPORTAÇÃO DE ARMAS É MAIOR DA HISTÓRIA


 
Acredite. A importação de revólveres e pistolas pelo Brasil já bateu todos os recordes. De janeiro a agosto, as compras foram de US$ 15 milhões, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado.
 
E não foi uma questão de preço. A alta foi identificada também na quantidade de armas que entraram no país. —foram 37,3 mil revólveres e pistolas, sendo 25,6 mil somente no mês de agosto. Nos primeiros oito meses de 2018, para comparação, foram importadas 17,5 mil armas dessas categorias.
Esses resultados que Folha obteve diretamente dos registros do Ministério da Economia são muito superiores à série histórica. Só para dar um exemplo, em 2005 foram importadas apenas 26 unidades, com valor total de US$ 7.200.
 
Até o ano passado, a importação de armas era proibida quando existissem produtos similares fabricados no Brasil. Mas em maio deste ano Bolsonaro fez decreto um acabando com essa restrição e também flexibilizando as normas para compra de armas no país.
Cumpriu o que prometeu na sua campanha eleitoral: ampliar a posse (direito de manter em casa ou no trabalho) e o porte (direito mais amplo) de armas de fogo.
Especialistas em segurança pública, como o gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, são inteiramente contra.
 
“Antes mesmo dos decretos já havia um aumento na comercialização de armas no Brasil. Com os atos do presidente, a tendência de crescimento deve continuar. Quanto mais armas em circulação, pior a questão dos homicídios, a violência letal”, disse.
 
O aquecimento do mercado de armas —defendida por Bolsonaro, com a ideia maluca de que a flexibilização do porte e da posse é que vão permitir que o cidadão se defenda melhor— revela-se não apenas na quantidade já importada, mas também no potencial de entrada desse produto no Brasil.
A procura por armas expandiu o número de pedidos para importações, que precisam de aval do Exército. Segundo pesquisa da Folha, de janeiro a agosto foi autorizada a compra de 152,5 mil armas estrangeiras, contra 86,4 mil no mesmo período do ano passado – um crescimento de 76,5%!!! Pior: a Folha lembra que a importação de armas deve manter a tendência de alta, já que a maioria ainda vai desembarcar no Brasil.
Mas o quadro consegue ser pior. O aval do Exército é dado a qualquer arma de fogo (não apenas revólver e pistola) e pode ser para a compra de uma única unidade ou de um lote.
Acontece que essa expansão está sendo foi puxada por pedidos feitos por pessoas físicas!!! O Exército já deu 5.000 autorizações —300 a mais do que no mesmo período de 2018, um avanço de 6,4%.
Enquanto isso, verificou-se um recuo nas autorizações para pessoas jurídicas e órgãos de segurança pública, que caiu 12%: de 478 para 421, nos primeiros oito meses de 2019.
 
O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, já declarou que “é preocupante quando se começa a fomentar o mercado de armas com baixíssimas condições de controle. Ainda existem normas do Exército a serem cumpridas, mas ficou mais simples para que pessoas físicas consigam importar”.
 
Os decretos de Bolsonaro vão além de retirar a restrição a importações - flexibilizam o acesso a armas de fogo de calibre que antes era restrito. Muitas dessas armas, segundo Langeani, não têm fabricação nacional e resta, então, buscar pelas unidades lá fora.
 
A limitação para que se importasse apenas armas que não eram produzidas no Brasil foi criada para proteger a indústria nacional do setor, cuja principal empresa é a Taurus.
O objetivo do governo foi exatamente o oposto, abrir esse mercado para a concorrência internacional e, assim, permitir a compra de armas estrangeiras que podem ser mais baratas e de melhor qualidade que as brasileiras.
 
O Instituto Sou da Paz defende a quebra do monopólio para as aquisições feitas por órgãos de segurança pública, mas é contra a liberação para pessoas físicas e empresas que comercializam armas de fogo.
“Essa desregulamentação total do controle de armas pode ter efeito no mercado ilegal também, que é abastecido parcialmente por desvios do mercado formal”, afirma Langeani.
Ou seja: o governo disparou um “Salve-se quem puder!” no país...
 
Folha
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