Fernando Collor de Mello teve o seu impeachment em 1992, há 19 anos, exatamente em 29 de dezembro de 1992. Sabe como ninguém o que significa um processo de impeachment. E já está prevendo que Bolsonaro caminha na mesma direção, já prenuncia o mesmo destino para ele: "Num sistema presidencialista como o nosso, não se consegue governo sem uma maioria dentro do Congresso. Ou se tem essa maioria, ou não se governa", afirmou o senador. Ele evitou ser direto, quanto ao impeachment de Bolsonaro, mas sentenciou com a experiência de quem já foi derrubado: "eu diria que Bolsonaro tem seríssimas dificuldades, e não saberia dizer se ele teria condições de superar".
Collor deu essas declarações numa entrevista ao jornalista Ricardo Della Coletta da Folha de S.Paulo. Em outro trecho da entrevista ele condenou duramente os ataques de Carlos Bolsonaro à democracia: "Estamos notando claramente que esse núcleo familiar é indissociável. O que qualquer integrante do núcleo familiar fala, a população entende como uma fala do presidente. Obviamente isso prejudica. Uma declaração como a dada pelo vereador filho do presidente é absolutamente despropositada. E não houve nenhum desmentido formal do presidente, até porque coincidiu com a sua internação. Seria muito bom se o presidente, quando recuperado, viesse a público e dissesse da sua profissão de fé ao sistema democrático."
Antes de sair do hospital, entretanto, Bolsonaro deu uma entrevista à TV Record na qual apoiou taxativamente as declarações do filho: "É uma opinião dele e ele tem razão. Se fosse em Cuba ou na Coreia do Norte, já não teria aprovado tudo o que é reforma? Sem Parlamento? Demora porque tem a discussão, isso é natural”.
Seá que Bolsonaro quer ir pra Cuba? Vai ter que trabalhar...