13/09/2019 às 14h49min - Atualizada em 13/09/2019 às 14h49min

ITAMARATY CALA CHICO NO URUGUAI

CENSURA TAMBÉM ADIA MARIGHELLA?


O Festival Cine de Brasil 2019 que acontece em outubro, no Uruguai, levou uma carimbada do Itamaraty: CENSURADO! 
A JBM Producciones do Uruguai comunicou ao diretor Miguel Faria Junior que seu filme “Chico: Artista Brasileiro”, 2015, sobre a vida e a obra de Chico Buarque, foi censurado pela Embaixada brasileira em Montevideo.
A embaixada, uma das patrocinadoras do Festival, avisou aos produtores do evento que o filme estava proibido de integrar a mostra.
Leia abaixo a carta enviada pela produtora ao diretor Miguel Faria:


“Querido Miguel
Quiero informar cómo van las cosas camino al estreno, finalmente, de CHICO en Uruguay. Junto a nuestra asociada ENEC quien además de distribuidores son exhibidores, habíamos planificado estrenar el filme en el Festival de Cine de Brasil 2019 que se lleva a cabo en octubre y entre otros es auspiciado por la Embajada de Brasil en Montevideo. Esta mañana recibo un sorpresivo mensaje del exhibidor diciéndome que los llamaron de la embajada para “pedirles” que NO se exhiba el filme de CHICO en ese festival. Si bien es lógico debido a la situación política de Brasil, en Uruguay es muy grave que se censure la exhibición de una película siendo que en este caso JMB Filmes de Uruguay es el distribuidor y este acto afecta nuestros intereses. Adjunto mas abajo copia del mensaje oficial de ENEC (dueños socios de la sala ALFA/BETA) comunicándomelo y un archivo adjunto de audio de la llamada de una señora, suponemos desde Brasil, que avisa a la sala de la desición de la embajda de Brasil en Uruguay.”


Não é de hoje que que os ditadores e militares da extrema direita brasileira censuram Francisco Buarque de Hollanda, o Chico ou o compositor “Julinho da Adelaide”, nome que ele inventou para driblar a censura na época da ditadura militar. Censurar o Chico no Uruguai, terra de Mujica, é só reafirmar para o mundo que as “tristes páginas da nossa história” estão de volta. E a luta contra a censura tem de ganhar as ruas do Brasil também para exigir a liberação do filme “Marighella” dirigido por Wagner Moura.
Nessa quinta-feira, a produtora 02 Filmes informou que o filme não vai mais estrear no dia 20 de novembro porque não foi possível cumprir os trâmites necessários na Ancine. A data foi escolhida para lembrar os 50 anos da morte de Carlos Marighella, assassinado pela ditadura militar no centro de São Paulo, e por ser também o dia da Consciência Negra. 
A produtora O2 Filmes informou que vai redobrar os esforços para viabilizar a estreia nacional de “Marighella”, filme baseado na biografia escrita por Mario Magalhães.
No último fim de semana, as manifestações contra a censura também marcaram a Bienal do Livro depois que o prefeito do Rio, Marcello Crivella, censurou um gibi com um beijo de dois rapazes na capa. A reação contra o prefeito carioca foi imediata nas redes sociais. Uma guerra de liminares acabou no STF. Os ministros Dias Tóffoli e Gilmar Mendes acabaram com a  “censura” de Crivella. Mas eles não desistem. Nessa sexta-feira, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta agradeceu ao presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Claudio Mello Tavares, pela “sábia” liminar que permitia à prefeitura do Rio recolher os livros. O cardeal não se preocupou em “defender as famílias e as crianças” quando, durante a campanha eleitoral, apoiadores do então candidato Jair Bolsonaro, fizeram a “arminha”, símbolo da violência”, bem em frente à imagem de Jesus Cristo, no saguão da Arquidiocese do Rio. 

E do jeito que as coisas vão, Capitu, a amada de Bentinho, do famoso romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, corre o risco de ser o novo alvo dos apoiadores da censura. Nessa sexta-feira, as opiniões entre a Capitu, manipuladora ou protofeminista (precursora do feminismo) já alcançaram os trendings no Twiiter. 




Leia também Coluna Ancelmo
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »