04/09/2019 às 10h31min - Atualizada em 04/09/2019 às 10h31min

VADE RETRO, SATANARO!

PAPA CONTRA JAIR


Outubro vem aí trazendo um choque garantido entre o Papa e Bolsonaro, com reflexo em toda a região amazônica, como diz o jornalista Mauro Lopes.
 
Em Roma, já acontece a reunião final do Sínodo (encontro religioso) da Amazônia, que Bolsonaro considera subversivo.
Na Argentina, deve ser eleito o peronista Alberto Fernandéz, católico e amigo pessoal do Papa.
Na Bolívia, deve ser reeleito Evo Morales, também próximo do Papa.
No Brasil, Lula já disse que, se for solto, irá a Roma para articular uma frente global com o Papa Francisco em defesa dos pobres.
 
A reunião final do Sínodo acontecerá entre 6 e 27 de outubro em Roma, com o título de “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral”. Estarão presentes 250 bispos e cardeais de toda parte, com seus assessores, especialistas, líderes dos povos originários da Amazônia, líderes de movimentos sociais amazônicos, de ONGs e de outras religiões.
 
O próprio título da reunião indica os caminhos opostos entre o Bolsonaro e Francisco: este fala em "ecologia integral"; aquele, deve ter devastação total na cabeça.
 
O Sínodo – com a visão de "ecologia integral" - foi convocado pelo Papa em outubro de 2017 e sua preparação tem sido liderada pela REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica) presidida pelo cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes, homem de confiança do Papa.
O confronto em torno da Amazônia trará, com certeza, repercussões difíceis de dimensionar.
 
A REPAM é, em si mesma, um contraponto à maneira do bolsonarismo ver a Amazônia. Bolsonaro e a cúpula militar brasileira consideram a floresta como propriedade do governo e que estaria disponível para ser entregue à exploração-destruição pelos Estados Unidos, sob a capa de um discurso nacionalista.
 
Para a REPAM e o Papa, a floresta deve ser encarada como múltipla dimensão de países e povos indígenas e como patrimônio da humanidade. A rede articula organizações, movimentos, dioceses e articulações da Igreja Católica e outras de nada menos que oito países, além do Brasil: Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guiana Inglesa, Guiana Francesa, Suriname. Esta multinacionalidade é vista como uma afronta por Bolsonaro e seus militares e, por si, só torna o tema em algo que deixa de pertencer ao Brasil para se tornar numa agenda no mínimo latino-americana.
 
Trata-se de uma batalha infernal. Mas não existe inferno maior do que a anti-bíblia de Bolsonaro.
 
(Clique aqui para ler o texto original de Mauro Lopes)
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