31/08/2019 às 17h36min - Atualizada em 31/08/2019 às 17h36min

EDUARDO BOLSONARO VAI COM COMITIVA AO ENCONTRO DE TRUMP

QUAL O MOTIVO REAL DO ENCONTRO?

 

Trump estava se preparando para a cúpula do Grupo dos Sete na França, quando soube que um de seus mais ardentes aliados estava tentando falar com ele. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro precisava de um favor, e Trump autorizou os assessores a passar a ligação.
Disse o jornal The Washington Post que Bolsonaro é um “nacionalista de extrema-direita, que se espelha descaradamente em Trump, municiando as mídias sociais, intimidando rivais e cortejando o governo Trump, prometendo forte apoio a Israel, pressão sobre os regimes socialistas na Venezuela e em Cuba e fazendo novos acordos bilaterais de comércio”.
 
A reunião, nessa sexta, 30, não foi aberta para a imprensa registrar imagens. Mas The Washington Post revelou os bastidores do pedido de ajuda de Bolsonaro contra críticas na questão da Amazônia.

A Casa Branca divulgou neste sábado as imagens do encontro entre Trump e a comitiva do governo brasileiro, incluindo o chanceler Ernesto Araújo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o assessor internacional do Planalto, Filipe Martins. Do encontro participou também o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.
 
Segundo o chanceler Ernesto Araújo, o encontro foi no Salão Oval e durou cerca de meia hora. Não foi registrado na agenda oficial de Trump, que não abriu a reunião para a imprensa fazer imagens nem a mencionou em uma entrevista de 24 minutos que deu no fim da tarde de sexta-feira aos jornalistas que cobrem a Casa Branca.
 
Depois do encontro, Eduardo Bolsonaro e o chanceler Araújo não fizeram nenhum anúncio novo de ajuda ou parceria entre os dois países, nem na questão da Amazônia nem em outras, e afirmaram que a visita foi “simbólica”, para mostrar que os dois países “estão sintonizados”.

Apesar de mais cedo Bolsonaro ter dito que da visita poderia surgir uma “novidade” em relação à contenção dos incêndios na região amazônica, Araújo disse que não havia a expectativa de um acordo e que um dos objetivos do encontro, anunciado pelo governo brasileiro na quinta-feira, era mandar um sinal para a comunidade internacional e para “todo o Brasil, a classe política, o setor privado”.
 
Quando anunciou a viagem da comitiva, na quinta-feira, Eduardo Bolsonaro disse que objetivo era agradecer o apoio obtido de Trump na cúpula do G7, realizada no último fim de semana, na França. Papo furado. Na cúpula, o governo Bolsonaro ficou isolado sob intenso ataque francês e de outros líderes por sua política ambiental, responsabilizada pelo aumento das queimadas na Amazônia.
 
Neste sábado, o jornal The Washington Post revelou que, na véspera da cúpula, Bolsonaro ligou para Trump e pediu ajuda para que o Brasil "não ficasse sem voz" no encontro do G7, formado por EUA, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Canadá e Japão. Segundo o jornal, que na reportagem descreve como o presidente americano se encantou por um colega que não rejeita ser chamado de "Trump dos trópicos", o  ocupante da Casa Branca respondeu: "Claro, seremos a voz do Brasil".
 
A comitiva brasileira que se reuniu com Trump viajou para Washington num avião da FAB e ficou pouco mais de duas horas na residência do presidente americano. De acordo com Araújo, não houve outras reuniões nesse período. Do lado americano, além de Trump, participaram o secretário de Estado, Mike Pompeo, o genro e assessor de Trump, Jared Kushner, e assessores do conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.
Araújo disse que cerca de 30% do encontro foram para falar sobre a Amazônia e que Trump e Bolsonaro concordam que Brasil e EUA são soberanos para cuidar de suas questões ambientais. Araújo está certo em falar isso, mas é claro que não foi bem assim. Certamente teve mais do que isso, ou não haveria esse deslocamento para Washington. Entre outras coisas, queriam fortalecer o apoio contra o francês Macron e toda a Europa indignada com o descaso do governo Bolsonaro com relação à Amazônia.
 
Ao sair da Casa Branca, Eduardo Bolsonaro e Ernesto Araújo deram duas entrevistas, a primeira com a presença de repórteres estrangeiros, em inglês. Eduardo não respondeu a perguntas, afirmando que prefere “falar com a imprensa brasileira” e que a candidatura dele ao cargo de embaixador em Washington depende dos senadores, “não da imprensa americana”.
 
Aí tem coisa...
 
O Globo

 
The Washington Post

 
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