31/08/2019 às 09h50min - Atualizada em 31/08/2019 às 09h50min

TRUMP NÃO QUER QUE BRASIL NEGOCIE COM A CHINA

O NORDESTE NÃO CONCORDA.


Faz milênios que os Estados Unidos levam a melhor nos negócios com o Brasil, de forma quase impositiva. “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, frase do embaixador Juracy Magalhães, até hoje funciona como um divisor de águas ideológico. Nos governos Trump e Bolsonaro isso tornou-se ainda mais presente. A pressão chegou a tal ponto que, em janeiro, até o astrólogo de Virgínia, Olavo de Carvalho, tido como guru ideológico dos Bolsonaros, criticou a ida de uma comitiva de parlamentares do PSL à China para conhecer o sistema de reconhecimento facial do país. "Instalar esse sistema nos aeroportos brasileiros é entregar ao governo chinês as informações sobre todo mundo que mora no Brasil", disse.

A que ponto chegamos! Se os Estados Unidos instalassem seria diferente? Felizmente, os governadores nordestinos preferiram seguir na toada diametralmente oposta: “O que é bom para a China é bom para o Nordeste do Brasil”. E não teve nada de ideológico nisso. Ao contrário, foi uma decisão bem pragmática.

Ninguém nem está levando em conta a frase de Bolsonaro, tratando os governadores do Nordeste pejorativamente como “paraíbas”. Pior ainda, foi Bolsonaro que declarou: "Não vou negar nada para esses estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido [verbas federais], eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles". Dá pra acreditar numa coisa dessa?!?! Não é de admirar que Bolsonaro encontre-se nessa encurralada política, nacionalmente e internacionalmente.

Para governadores do Nordeste, os investimentos chineses não discriminam os “paraíbas” e são vistos como a salvação, diante da penúria regional e da anemia econômica no Brasil de Bolsonaro.
"O único país que investe maciçamente é a China, que ainda oferece empréstimos do banco de desenvolvimento com juros subsidiados", diz o vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão (PRB), que foi seis vezes à China desde 2016. O que faz todo o sentido, diante da ampliação cada vez maior da chamada "Rota da Seda", o mais grandioso dos investimentos chineses.

Quer coisa melhor para esse país bolsonarizado, que luta contra o declínio, um país onde nem o sul maravilha existe mais?

Leia também reportagem da Folha.
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