30/08/2019 às 08h23min - Atualizada em 30/08/2019 às 08h23min

PARAGUAI DECOLA NA FRENTE NO COMBATE AOS INCÊNDIOS

BRASIL RECUSA AJUDA E BATE RECORDE EM INCÊNDIOS


O primeiro hidroavião financiado pelo G7 (grupo das 7 maiores economias do mundo) decolou nesta quinta-feira (29) no Paraguai para ajudar a combater os incêndios florestais na Floresta Amazônica. Outros aviões decolarão da região para combater os incêndios na Bolívia, país que já perdeu 1,2 milhão hectares de florestas e pastagens ao longo deste ano, indicou a Presidência francesa. Evo Morales, que não é bobo, tratou de aceitar a juda imediatamente e tratou de espertamente aparecer na foto de combate ao fogo.
As operações são financiadas pelos países do G7 (que anunciou um desbloqueio de emergência de 20 milhões de dólares) e estão sendo coordenados pelo Chile.

O envio de hidroaviões ao Brasil aguarda a autorização de Bolsonaro - que condicionou o recebimento de ajuda do G7 para combater os incêndios a uma retração por parte do presidente francês, Emmanuel Macron, por causa de supostos "insultos" nas declarações que questionaram a capacidade do Brasil de preservar essa região fundamental para o planeta.
 
Brasil proíbe queimadas
O governo  brasileiro proibiu as queimadas em campos e florestas por dois meses para tentar acabar com os incêndios na Amazônia. O decreto, válido por dois meses a partir desta quinta-feira (29), foi assinado por Bolsonaro, que tem sido questionado por seu apoio à expansão das atividades agrícolas e de mineração em territórios indígenas e áreas protegidas da maior floresta tropical do planeta. Há dúvidas quanto à eficácia da proibição, pelo histórico de queimadas ilegais.
A preocupação é internacional. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, levantou a possibilidade de organizar uma reunião específica à margem da Assembleia Geral da ONU em setembro sobre a Amazônia, onde "a situação é obviamente muito séria".

O governo Bolsonaro, que está mobilizando mais de 3.900 militares e brigadas, centenas de veículos e 18 aeronaves, disse na quarta-feira (28) à noite que os focos de incêndio estavam diminuindo, mas ainda não mostrou números que comprovem.
Dados de satélite do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que de terça a quarta-feira houve 1.628 novos focos, totalizando 84.957 desde janeiro - mais da metade deles (51,8%) na floresta amazônica. Esse número marca aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano passado - e é um recorde de incêndios desde 2010.
 
Desmatamento recorde
O país está na estação seca, mas especialistas dizem que o aumento dos incêndios se deve principalmente ao aumento do desmatamento impulsionado pela indústria madeireira e pelas atividades agropecuárias.
É difícil acreditar que o decreto tenha impacto imediato. Quem queima sem licença não o respeitará", disse Rodrigo Junqueira, porta-voz do ISA (Instituto Socioambiental), uma entidade científica não governamental focada em projetos sociais e ambientais.
Além disso, "a fiscalização não será mobilizada, depois de todo o desmonte do aparato ambiental", acrescentou, em referência às medidas do governo que debilitaram as instituições encarregadas da tarefa.

"O problema não é a proibição, mas o cumprimento da lei", afirmou em nota a ONG WWF.

 
Informações AFP. Leia mais RFI.
 
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