26/08/2019 às 17h57min - Atualizada em 26/08/2019 às 17h57min

DOIS BICUDOS NÃO SE BEIJAM

MAS UM NARIGUDO E UM BEIÇUDO, SIM

 
O presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu o líder indígena Raoni, nesta quinta-feira (16), e garantiu apoio da França em sua luta para proteger a biodiversidade e os povos da Amazônia, vítimas do crescente desmatamento que contou com apoio da turma bolsonárica.
Na reunião, o governo francês anunciou que a França está planejando sediar uma cúpula internacional de povos indígenas do mundo inteiro, provavelmente em junho de 2020.
Macron conversou por 45 minutos no Palácio do Eliseu com Raoni e com três outros líderes da Amazônia - Kailu, Tapy Yawalapiti e Bemoro Metuktire, que, ao final, levantaram os braços nos degraus do Eliseu.
 
O objetivo dessa viagem de três semanas pela Europa é lançar um SOS junto à opinião pública e aos líderes políticos para salvar a grande reserva do Xingu, uma enorme área de biodiversidade de cerca de 180.000 km2.
"Busco um milhão de euros para financiar muros verdes feitos de bambu, para delinear a grande reserva do Xingu, que tem sofrido com a intrusão permanente de traficantes de madeira e de animais, garimpeiros e caçadores, que vêm caçar em nossas terras", disse Raoni em uma entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal "Le Parisien".
 
Raoni é índio caiapó (ou kayapó), palavra que viria do tupi “kaia’pó”, que significa “o que traz fogo na mão, incendiário”. Mas os caiapós referem-se a eles mesmos como os mebêngôkre, que significa “homens do poço-d’água”.
 Eles vivem numa extensa área dos estados do Mato Grosso e do Pará, ao longo dos afluentes do rio Xingu. Suas principais atividades são a caça, a pesca e o roçado. Segundo dados do Instituto Socioambiental (ISA), em 2010 os caiapós somavam 8.638 indivíduos.
Após o encontro, o governo francês informou que "apoiaria o projeto de Raoni", como parte de "seu compromisso com a biodiversidade e no âmbito da presidência do G7" este ano.
 
O desmatamento, que havia diminuído drasticamente na Amazônia de 2004 a 2012, voltou a crescer em janeiro 54% em relação ao mesmo período de 2018, segundo a ONG Imazon.
Ainda que o desmatamento tenha caído em fevereiro (-57%) e em março (-77%), 268 km2 de floresta desapareceram no primeiro trimestre. Nos últimos 12 meses, o desmatamento registrou um avanço de 24%.
 
Macron, sabiamente, também discutiu com Raoni a situação difícil das comunidades indígenas no Brasil.

 
Leia também no G1.
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