26/08/2019 às 14h42min - Atualizada em 26/08/2019 às 14h42min

CORREGEDOR ABAFA ERRO DA LAVA JATO

PROCURADOR PAGOU PELO OUTDOOR DE ELOGIO



A Corregedoria do Ministério Público Federal existe para fiscalizar o funcionamento e a conduta dos membros do MPF. Novas revelações do site The Intercept divulgadas, nessa segunda-feira, dia 26, mostram que o Corregedor Geral, Oswaldo Barbosa, não cumpriu o seu dever e abafou a confissão do procurador Diogo Castor de Mattos que pagou por um outdoor para promover a Lava Jato. A peça publicitária foi instalada ao lado do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. 
O outdoor  ficaria exposto entre 13 de março a 14 de abril de 2017, mas com a repercussão negativa , ele foi  foi retirado antes do dia 30 de março.
Advogados do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu entraram com uma representação junto ao Conselho Nacional de Ministério Público-CNMP.
O corregedor Oswaldo Barbosa chegou a questionar o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, sobre a origem do pagamento. A conversa foi pelo Telegram.
“O outdoor existe, mas não sabemos quem o colocou ou pagou. Como imaginou corretamente, jamais faríamos isso… seria caso de internação, não de corregedoria rs”, respondeu Dallagnol. No dia seguinte, Barbosa ainda insistiu para que os procuradores tentasssem retirar a peça.
Mesmo com a confissão do procurador Castor de Mattos, o corregedor Oswaldo Barbosa encerrou o caso, mesmo sem investigação formal.

Segundo o relator Luiz Fernando Bandeira de Mello, “a publicidade não foi contratada por nenhum membro do Ministério Público”. Não há nos autos qualquer indício de participação dos membros ora requeridos na exposição do outdoor, não havendo, portanto, nenhuma conduta a se investigar em âmbito disciplinar pela Corregedoria Nacional”, diz a decisão de Bandeira de Mello. Procurado pelo Intercept, Mello preferiu não se pronunciar.
O que agrava a situação é que o corregedor-geral omitiu a confissão do CNMP, o que inviabilizou uma punição do Conselho. O procurador pediu o afastamento da Lava Jato no dia 5 de abril.
Dois dias depois, pelo Telegram, diálogos confirmam que Dallagnol e os outros procuradores sabiam da confissão, pediram "sigilo total", e só discutiram sobre o motivo alegado por Castor de Mattos uma "doença".
Os advogados que entraram com a reclamação, não ficaram parados depois do arquivamento. Provaram que a pessoa cujo nome aparecia como o autor da encomenda do outdoor, o músico João Carlos Queiroz Barbosa registrou até um boletim de ocorrência negando a participação no caso. A falta de dinheiro para arcar com a propaganda foi o motivo alegado. O músico disse que foi ouvido sobre o caso pela Polícia Federal e está conversando com advogados para avaliar o que fazer. “Com certeza fui vítima de alguma fraude”, afirmou. “Sou pai de família, músico, professor, cristão e a última coisa em que me envolveria na vida seria isso!”

No dia 5 de agosto de 2019, a história mal contada e apurada do outdoor elogiando a Lava Jato continuou arquivada no CNPM por decisão do relator Luiz Fernando Bandeira de Mello. Mas a corregedoria nacional do MPF recebeu a cópia do caso e, no dia 15 de agosto, decidiu pedir explicações para o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.  A resposta ainda não chegou.




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