25/08/2019 às 09h36min - Atualizada em 25/08/2019 às 09h36min

É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!

TRUMP CONVENCE G-7 A PERDOAR BOLSONARO


Temos mais uma vez que reverenciar James Carville, o marqueteiro de Clinton, que apostou que Bush não era invencível com o país em recessão – e lançou o pensamento que mudou para sempre o marketing eleitoral: “É a economia, estúpido!”
 
Recapitulando.
Bolsonaro fez a idiotice de “queimar” a Amazônia de suas grandes preocupações.
Menosprezou a contribuição que Alemanha e Noruega davam para a proteção da selva (algo como 3,5 bilhões de reais).
Ridicularizou as acusações de queimadas e avanços de madeireiros e outros oportunistas na destruição da selva.
Fez acusações infundadas contra as ONGs que lutam pela proteção ambiental.
Só falou bobagem – o que não é surpreendente.
Resultado imediato. Suspensão das doações, mobilização internacional contra a liberação das queimadas, afastamento das ONGs. Indignação geral, no mundo inteiro. Bolsonaro correu para tentar apagar o incêndio. Colocou aviões e militares em ação. Chegou até defender a selva! Mas faltava o resto do planeta.
 
O G-7, formado pelas maiores economias do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, embora a União Europeia também esteja representada), decidiu (por iniciativa da França) colocar na pauta do encontro que fariam no sábado, dia 24, a “questão Amazônia”.
 
Acontece que o G-7, ele próprio, luta pela sobrevivência, diante do ataque que recebe de seu principal membro, os Estados Unidos de Trump, que puxa a Grã-Bretanha para sua zona de influência (acaba de fechar com o Reino Unido grande acordo comercial após seu afastamento do G-7 – o famoso Brexit - e elogiou o novo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, como o homem certo para tirar a Grã-Bretanha da União Europeia). Johnson, que enfrenta uma delicada tarefa de acalmar os aliados europeus sem irritar Trump na cúpula do G7 na França, disse que as negociações comerciais com os Estados Unidos seriam difíceis, mas que havia grandes oportunidades para as empresas britânicas no mercado americano. Ou seja, bye-bye União Europeia.
 
O dever de casa da ala europeia do G-7 (França e Alemanha à frente) agora é não perder a América do Sul para Trump e para o EFTA (grupo formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein). Daí a esquecer a selva amazônica foi um estalar de dedos. De problema amazônico, Bolsonaro passou a ser a garantia de se fechar um acordo União Europeia/Mercosul, que envolve 25% da economia global e 780 milhões de pessoas - quase 10% da população do mundo.
 
As preocupações com a selva amazônica, portanto, acabam de virar cinzas...

 
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