As celebridades costumam usar suas plataformas para difundir a conscientização sobre questões importantes. Mas enquanto muitos de nós nos tornamos insensíveis às suas advertências, há algo sobre Harrison Ford que faz as pessoas se sentarem e ouvirem. Talvez seja a admiração que ele conquistou ao interpretar personagens heroicos como Indiana Jones e Han Solo. O mais provável, porém, é que a Harrison Ford não mede palavras sobre questões importantes, ele as usa como se fossem armas em punho. Falando na Cúpula Global de Ação Climática em San Francisco nesta semana, o ator de 76 anos e incansável ativista climático emitiu um aviso: "Se não mudarmos o caminho que trilhamos agora, o futuro da humanidade está ferrado". E acrescentou: “Parem de dar poder a quem não acredita na ciência!” A declaração forte do ator foi seguida por um longo suspiro. Um suspiro pesado que você pode até sentir a exasperação do ator. Faz quase 27 anos que Harrison Ford tem trabalhado para o grupo ambiental Conservation International, que apoia cientistas de todo o mundo no trabalho para identificar e superar as ameaças à biodiversidade. Mas, como ele deixa claro em seu discurso recente e apaixonado, nada disso importa se negarmos a realidade da mudança climática e esquecermos coletivamente a natureza em nossos "objetivos climáticos corporativos, estaduais e nacionais". "Podemos colocar painéis solares em todas as casas, podemos transformar cada carro em um veículo elétrico, mas, se Sumatra queima, teremos falhado", diz ele. "Enquanto as grandes florestas da Amazônia forem cortadas e queimadas, enquanto as terras protegidas dos povos indígenas forem invadidas, enquanto as zonas úmidas e os pântanos forem destruídos, nossas metas climáticas permanecerão fora de alcance. E nós estaremos fora do tempo". Dizer que o ator parece descontente com o estado atual dos assuntos ambientais seria um eufemismo drástico. O discurso de Harrison Ford não é simplesmente um apelo à ação urgente, é um grito de guerra, um ataque aos políticos ignorantes presentes nas eleições dos EUA. Mas que atinge claramente pessoas como Bolsonaro. "É preciso eleger líderes que acreditam na ciência", ele fala aos eleitores. Os comentários são uma reminiscência de um discurso semelhante feito por Harrison Ford que se tornou viral no ano passado, logo depois que o presidente Trump retirou os EUA do Acordo Climático de Paris. "Temos pessoas encarregadas de coisas importantes que não acreditam em ciência", ele alertou na época. Um ano depois, ainda se pode sentir essa paixão. Mas depois de uma série de ataques de alguns políticos contra a ciência climática em 2018, pode-se ouvir um estrondo de raiva. "Parem, pelo amor de Deus, de difamar a ciência! Parem de dar poder a pessoas que não acreditam em ciência, ou pior que isso, fingem que não acreditam em ciência por interesse próprio", diz Harrison Ford, com a voz embargada, à medida que sobe em volume. "Eles sabem quem eles são. Nós sabemos quem eles são!" Chamando a mudança climática de "a maior crise moral do nosso tempo", Harrison Ford adverte que a menos que algo mude (e logo), "aqueles que são os menos responsáveis arcarão com os maiores custos". Ele nos traz de volta ao seu argumento central: que os sumidouros naturais de carbono são atualmente "a única solução viável" para combater a mudança climática. "Simplificando, se não podemos proteger a natureza, não podemos nos proteger", diz ele. O final de seu discurso não poderia ter sido escrito por mais ninguém: "Vamos desligar nossos telefones, arregaçar as mangas e dar um pé na bunda desse monstro".
